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O sexto dia de cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas — que coincide com o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano — levou esta quarta-feira à libertação de mais 16 reféns: 12 com nacionalidade israelita e quatro cidadãos tailandeses. Entre eles, encontram-se Liam Or, de 18 anos, sobrinho de Dror Or, cidadão português que se mantém entre os reféns do Hamas, e Raaya Rotem, de 54 anos, cuja filha, Hila, de 13 anos, foi libertada no sábado.
Duas jovens filhas de pai português entre 17 reféns libertados pelo Hamas
- As duas primeiras libertações do dia foram Irena Tati, de 73 anos, e a filha, Yelena Trupanov, de 50 anos, cidadãs de nacionalidade russo-israelita. A sua libertação não se inseriu no acordo levado a cabo entre Israel e o Hamas. “Após os esforços do Presidente russo”, as reféns foram confiadas ao Comité Internacional da Cruz Vermelha “para que este pudesse entregá-las a um representante [do Ministério] dos Negócios Estrangeiros russo”, avançou o Hamas num comunicado. Mãe e filha foram levadas do kibutz Nir Oz durante o massacre de 7 de outubro. O filho de Yelena, Sasha Trupanov, de 28 anos, e a namorada deste, Sapir Cohen, de 29 anos, também foram tomados como reféns e continuam em cativeiro. Já o seu marido, Vitaly Trupanov, foi assassinado pelos terroristas do Hamas.
- Liam Or, de 18 anos, tinha sido levado de casa, no kibutz Re’im, durante o massacre de 7 de outubro, quando os terroristas o encontraram deitado na cama. É sobrinho de Dror Or, cidadão português de 48 anos que continua entre os reféns do Hamas. Alma e Noam Or, de 13 e 17 anos, respetivamente, são filhas de Dror e foram libertadas no sábado. A mãe das meninas (e tia de Liam) foi assassinada pelos militantes do grupo terrorista.
- Raaya Rotem, de 54 anos, foi libertada dois dias após a filha de 13 anos, Hila Rotem. Num comunicado, a comunidade onde são residentes, o kibutz Be’eri, acusou o Hamas de violar os termos do acordo ao libertar filha sem mãe. O grupo respondeu que estava com dificuldades em localizar Raaya, mas Hila alegou que teriam sido mantidas juntas durante o cativeiro. Mãe e filha foram levadas de casa no massacre de 7 de outubro e levadas para Gaza junto com Emily Hand, amiga da família que também já foi libertada.
Hila Rotem, a menina de 13 anos que foi libertada pelo Hamas sem a mãe
- Liat Atzili, de 49 anos, tem dupla nacionalidade norte-americana e israelita, filha de emigrantes dos EUA. Professora de história numa escola secundária e guia no Museu do Holocausto Yad Vashem, mudou-se há cerca de 20 anos para o kibutz Nir Oz, onde vive com o marido, Aviv, que estava fora quando os terroristas a levaram de casa a 7 de outubro. “Estão a disparar lá fora”, escreveu a uma amiga numa mensagem de texto, antes de ser sequestrada. O marido também acabou por ser levado pelo Hamas, mantendo-se entre os reféns.
- Yarden Roman Gat, de 36 anos, foi levada do kibutz Be’eri em conjunto com Carmel Gat, irmã do seu companheiro. A filha de três anos de Yarden, Geffen, e o companheiro, Alon, não foram capturados. De acordo com o irmão de Yarden, a família de três tinha-se mudado temporariamente para o centro de Israel por não querer que a filha crescesse numa zona vulnerável. Na sexta-feira antes do massacre, tinham viajado até ao kibutz para jantar em casa dos pais de Alon. A mãe deste foi assassinada pelos terroristas, mas Alon conseguiu fugir, correndo para um descampado com a filha nos braços.
- Raz Ben Ami tem nacionalidade israelo-alemã e completou 57 anos durante o cativeiro. Foi levada do kibutz Be’eri com o marido, Ohad, que se mantém em cativeiro. Quando os terroristas entraram em sua casa, Ohad enviou uma mensagem a uma das três filhas, Ella, a avisar que conseguia ouvi-los. De seguida, ter-lhe-á enviado instruções para o seu testamento, de acordo com o Haaretz.
- Ofir Angel, de 17 anos, foi levado do quarto seguro de casa da namorada, Yuval Sharabi, no kibutz Be’eri. Os terroristas mataram o cão da família antes de levarem Ofir, Yossi Sharabi (pai de Yuval) e Amit Shani, de 16 anos — outro dos reféns libertados esta quarta-feira. A namorada de Ofir, a mãe desta e a irmã conseguiram esconder-se numa outra casa até chegar o exército israelita.
The 12 Israeli hostages released from Hamas captivity tonight: Raz Ben Ami, Yarden Roman, Liat Atzili, Moran Stela Yanai, Liam Or, Itay Regev, Ofir Engel, Amit Shani, Gali Tarshansky, Raaya Rotem, Yelena Trupanob, and her mother Irena Tati. pic.twitter.com/6zfu2Jmfzi
— Emanuel (Mannie) Fabian (@manniefabian) November 29, 2023
- Amit Shani, completou 16 anos em cativeiro. A 7 de outubro, estava no quarto seguro de sua casa com a mãe e as irmãs quando o grupo terrorista o levou, deixando as mulheres na rua e pegando fogo à casa. O pai de Amit, que não estava no mesmo local, ficou ferido durante o massacre.
- Gali Tashansky, de 13 anos, estava com o pai e o irmão no quarto seguro de casa, no kibutz Be’eri, quando o Hamas chegou e pegou fogo à moradia. Os três tentaram fugir pela janela, mas Lior, de 15 anos, foi baleado pelos terroristas antes de conseguir fazê-lo. Ilya, o pai, conseguiu fugir, enquanto Gali foi capturada. “Não consegui fazer o luto de Lior”, disse Reuma, a mãe, a propósito da captura da filha, citada pelo The Times of Israel. “Pedimos perdão a Lior, por estarmos, por agora, focados em Gali.” Lior ainda não terá sido enterrado.
- Moran Stela Yanai, de 40 anos, foi capturada no festival de música Supernova, onde estava a vender peças de joalharia. Num vídeo que publicou nas redes sociais, tinha partilhado que ali estar representava “um grande passo” para si. Durante o massacre de 7 de outubro, o Hamas tomou-a como refém, tendo partilhado um vídeo que circulou nas redes sociais onde se ouvia Moran a implorar pela vida.
- Itai Regev, de 18 anos, também estava no festival de música Supernova quando foi sequestrado pelo Hamas em conjunto com a irmã, Maya Regev, de 21 anos, que foi atingida pelos terroristas no dia do massacre. Maya foi libertada no sábado e levada para o hospital, depois de passar 50 dias com ferimentos de bala por tratar. Está fora de perigo. Os irmãos vivem em Herzliya e tinham regressado recentemente de uma viagem ao México. Na manhã do ataque, Maya enviou uma mensagem ao pai: “Estão a disparar contra mim, já está, atingiram-me, estou morta.” Mais tarde, um vídeo mostrou os dois irmãos a serem levados para a Faixa de Gaza.
Sobre os quatro cidadãos tailandeses que foram libertados, não existiam ainda informações à data de publicação deste artigo. Em contrapartida à libertação dos reféns, Israel, por seu lado, concordou em libertar mais 30 prisioneiros palestinianos.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viajou para Telavive esta quarta-feira para discutir as novas trocas de reféns e um prolongamento do acordo de tréguas entre o Hamas e Israel.