O contrato de adjudicação de 117 comboios pela CP ao agrupamento Alstom/DST tem o valor de 746 milhões de euros, de acordo com a informação avançada pela operadora ferroviária em resposta ao Observador.
Este montante está baixo do valor de referência para este concurso lançado em 2019 por 819 milhões de euros. A adjudicação daquela que foi a maior encomenda de material circulante da CP foi anunciada esta semana, sem indicar o valor.
CP adjudica maior encomenda de comboios ao consórcio Alstom/DST
A CP adianta ainda que, de acordo com a proposta vencedora, a maior parte das 117 unidades — 100 — serão montadas em Portugal. A incorporação nacional (a parte da encomenda que é produzida em Portugal) era um dos critérios mais importantes de valorização das propostas. O fabricante francês, que para este concurso se associou à empresa de Braga Domingos da Silva Teixeira (DST), propôs cumprir essa obrigação com a construção de uma fábrica em Matosinhos e a instalação de uma oficina em Guifões, o que poderá representar a criação de 300 postos de trabalhos.
Nas respostas dadas ao Observador, a CP revela também que as primeiras unidades serão entregues 40 meses após a aprovação do contrato pelo Tribunal de Contas. Ou seja, daqui a mais de três anos. O calendário de entregas estabelece que estas sejam efetuadas ao ritmo de três unidades por mês. No entanto, o arranque destes prazos vai depender, por um lado, do tempo que demorar o visto prévio do Tribunal de Contas, mas também de eventuais impugnações do resultado do concurso por parte dos concorrentes afastados.
O ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, justificou o tempo que a CP demorou a adjudicar o contrato — depois de se conhecer a classificação que colocava a Alstom/DST à frente em julho — com a preocupação em evitar ou mitigar o risco de litigância judicial.
Na corrida estavam também a Stadler, empresa suíça que ganhou o concurso para o fornecimento de 22 automotoras para o serviço regional, e a espanhola CAF.
Neste concurso, a CP vai comprar unidades automotoras elétricas, das quais 62 se destinam aos serviços urbanos e 55 são para o serviço regional. A empresa foi alvo há poucos meses de uma operação de saneamento financeiro, com a limpeza da dívida histórica por parte do Estado. A saída deste peso do balanço era considerado um passo fundamental para o novo ciclo de investimento da CP (que estava sujeita à disciplina financeira do Ministério das Finanças) de forma a permitir levantar fundos comunitários ou encontrar outras formas de financiamento.