O Presidente brasileiro, Lula da Silva, admitiu este domingo que as negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) podem fracassar e, caso isso aconteça, não será por falta de vontade dos países sul-americanos.

“Se não houver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade”, disse Lula da Silva, numa conferência de imprensa no Dubai, antes de embarcar para Berlim, onde iniciará uma visita oficial.

“A única coisa que tem que ficar clara é que eles devem parar de dizer que a culpa é do Brasil e da América do Sul”, disse.

Segundo o Presidente brasileiro, os responsáveis pelo fracasso do acordo são os países ricos que não querem fazer concessões e querem sempre ganhar mais.

O governante referia-se à França, já que o presidente Emmanuel Macron disse, numa conferência de imprensa no sábado no âmbito da cimeira do clima (COP28), ser contra o acordo, declarações com as quais praticamente fechou as possibilidades de haver luz verde sobre o assunto.

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Lula da Silva reiterou à imprensa que a França é um país protecionista que quer que os “milhões” de pequenos produtores que tem possam vender os seus produtos e, por isso, “criou um obstáculo” ao acordo. “E nós não somos mais colonizados. Somos independentes. E queremos ser tratados com o respeito dos países independentes que têm coisas para vender”, afirmou.

Nesse sentido, o Presidente brasileiro referiu que os produtos dos países do Mercosul também têm um preço e o que se busca é “um certo equilíbrio”. “Se não houver acordo, pelo menos ficará claro quem foi o culpado pela falta de acordo”, frisou.

Após duas décadas de conversações, em 2019, a UE e o Mercosul chegaram a um acordo político geral para selar o pacto, deixando pendente a resolução de alguns aspetos técnicos.

No entanto, essa discussão foi complicada pelo surgimento de novas exigências de ambos os lados da mesa, em particular as relacionadas com as questões ambientais da União Europeia.

O Mercosul vai realizar a sua cimeira bianual a 06 e 07 de dezembro, no Rio de Janeiro, e esperava anunciar nessa altura a conclusão positiva das negociações com a UE.