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O Leaf, tal como o conhecemos, é para esquecer

Este artigo tem mais de 6 meses

A concorrência faz mossa e o Leaf, considerado o pioneiro na viragem para os eléctricos, não soube resistir ao tempo e ao aumento da oferta. As vendas caem a pique e a Nissan vê-se obrigada a mudá-lo.

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O Nissan Leaf foi o primeiro veículo eléctrico produzido em massa, já lá vão 13 anos. Lançado em 2010 e com uma segunda geração em 2017, que foi alvo de um facelift em 2022, este modelo parece já ter dado tudo o que tinha para dar. Pelo menos, é essa a posição da Nissan que não esconde o facto de estar na calha um sucessor e já para 2025, avança a Automotive News Europe. Mas, tirando o nome e a propulsão, não vai ter nada a ver com o Leaf que conhecemos.

Não é a primeira vez que se fala no desaparecimento do Leaf e percebe-se porquê. Se era relativamente fácil ser o eléctrico mais vendido do mundo quando a concorrência era inexistente ou escassa, mal começaram a surgir outras propostas no mercado, o reinado do Leaf começou a claudicar. E a segunda geração, embora inicialmente tenha re-impulsionado as vendas, a realidade é que nos últimos tempos não tem conseguido pôr cobro à tendencial queda na procura, seja porque o produto é pouco competitivo em termos de preço (34.400€ pela versão de 150 cv com bateria de 40 kWh e uma autonomia de 284 km; desde 39.950€ para “saltar” para a bateria de 62 kW, associada ao motor de 218 cv e com um alcance entre recargas de 395 km), seja porque simplesmente os consumidores preferem optar por modelos mais jovens no mercado. Ou pelo outro eléctrico da Nissan, o Ariya.

Independentemente das causas, o que interessa é a consequência. E esta traduz-se em números: o Leaf chegou a vender 46.000 unidades nos seus tempos áureos, mas de 2021 para 2022 caiu de 33.772 unidades para 28.582 (Europa) e este ano corre o risco de voltar a ser de nova retracção nas vendas, até porque o Ariya veio como que despoletar uma luta fratricida por clientes. E o Ariya, além de todos os argumentos que pode ter a seu favor, cativa pelo facto de ser um SUV. É mesmo esse o destino do novo Leaf.

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Conduzimos o Ariya, o SUV eléctrico da Nissan com até 306 cv e 533 km de autonomia

A próxima geração vai evoluir para uma carroçaria mais aventureira, mais não seja esteticamente, sendo público que os japoneses estarão a trabalhar sobre a base antecipada pelo concept Chill-Out, revelado em 2021. Ora, este protótipo foi concebido sobre a plataforma CMF-EV, precisamente a mesma que dá suporte ao Ariya. Tal significa que a nova linhagem do Leaf poderá ter versões de tracção dianteira ou integral (e-4ORCE), e fazer variar a potência da motorização e a capacidade da bateria para oferecer versões mais acessíveis ou com maior autonomia. Para não colidir com o novo Juke, que também será eléctrico e que é esperado para 2025, o estilo será determinante para que o Leaf possa recuperar o protagonismo de outrora e dar uma precioso contributo para o aumento das vendas da Nissan.

A fábrica de Sunderland (Reino Unido), de onde já saíram mais de 250 mil unidades do Leaf, continuará a ser de uma importância capital para a terceira geração deste modelo, cuja apresentação deverá ocorrer no final do próximo ano. A Nissan vai aí produzir não só o sucessor do Leaf, mas também o novos Juke (2025) e X-Trail (2027) a bateria, respectivamente inspirados nos concepts Hyper Punk e Hyper Urban. As baterias que os alimentarão serão produzidas ali ao lado pela AESC, detida pela chinesa Envision, sendo que a AESC já prometeu um incremento de 30% da densidade energética face ao actual pack de 62 kWh do Leaf.

Além de produzir três automóveis eléctricos, o hub Nissan EV36Zero, em Sunderland, contempla três gigafábricas de baterias e implicará um investimento de cerca de 3,5 mil milhões de euros, garantindo-se assim o posto de trabalho de 7000 funcionários da marca no Reino Unido e 30.000 empregos apoiados na cadeia de fornecimento. Porém, apesar de a Nissan estar concentrada em comunicar que “três é um número mágico”, tal não a impede de ampliar vistas para além de Sunderland.

Correm rumores que a marca estará seriamente a ponderar “vingar-se” dos danos infligidos pela concorrência chinesa produzindo o sucessor do Leaf (também) na China, o que lhe permitiria ser mais competitiva localmente. Recorde-se que os japoneses já abastecem o maior mercado automóvel do mundo com modelos produzidos localmente, graças à joint-venture que os une à Dongfeng, com fábricas em várias cidades, incluindo Wuhan, Huadu, Xiangyang, Zhengzhou, Dalian e Changzhou. De momento, além de Sunderland, o Leaf sai das linhas de Oppama, no Japão, e de Smyrna, no estado norte-americano do Tennessee.

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