Luís Montenegro e Nuno Melo já fecharam o acordo para a coligação pré-eleitoral que vai enfrentar as próximas eleições legislativas. É o culminar de negociações que já duravam há algumas semanas. Tal como tinha antecipado o Observador, a 15 de dezembro, esta aliança, que incluirá também independentes, servirá também para enfrentar as próximas eleições europeias, agendadas para junho de 2024.
A determinada altura das negociações consolidou-se a ideia de que era preciso garantir que a aliança não se esgotasse nestas legislativas – não haveria grande sentido político em fazer uma coligação em março (legislativas) para depois irem sozinhos a votos em junho (europeias). Terá sido esse o último ponto a ser fechado entre líder social-democrata e democrata-cristão.
Ainda não são claros os termos do acordo para a Assembleia da República. Segundo as últimas informações, o CDS terá direito a ter três deputados e, eventualmente, um quarto, que ficará dependente do resultado alcançando pela coligação nas próximas legislativas.
No texto entretanto publicado, PSD e CDS comprometem-se a “oferecer aos portugueses uma efetiva mudança política e de políticas”. As prioridades da nova aliança passam por garantir o relançamento da economia, a reabilitação do Estado Social, o combate à pobreza e a erradicação de fenómenos como a corrupção e o tráfico de influências.
Algumas dos independentes que farão parte desta coligação surgirão a partir do grupo de cem personalidades que manifestaram o apoio a Luís Montenegro. Sobretudo aquelas que já colaboram com Conselho Estratégico Nacional do PSD e que poderão fazer parte das listas de candidatos a deputados ou de um futuro governo social-democrata. De resto, isso mesmo é sugerido nos critérios para a elaboração de listas de candidatos a deputados aprovados esta quarta-feira na Comissão Política Nacional do PSD.
Leia aqui o comunicado na íntegra:
“Os presidentes do Partido Social Democrata e do CDS-Partido Popular acordaram hoje propor aos órgãos nacionais dos respetivos partidos a celebração de um acordo político para a formação da Aliança Democrática, uma coligação pré-eleitoral com o horizonte do atual ciclo político, abrangendo as eleições legislativas e europeias de 2024 e em sintonia com os compromissos regionais para as eleições nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores de 2023 e 2024, respetivamente, e com os entendimentos de base local para as eleições autárquicas de 2025.
A Aliança Democrática é composta pelos dois partidos, PPD/PSD e CDS-PP, e um conjunto de personalidades independentes. Neste contexto, os partidos valorizam e acolhem, entre outras, a iniciativa e as ideias do “Manifesto por uma Alternativa Reformista e Moderada” subscrito por mais de 100 personalidades notáveis da sociedade portuguesa e divulgado no recente dia 15 de dezembro.
A Aliança Democrática propõe-se oferecer aos portugueses uma efetiva Mudança Política e de políticas:
a) Com muito mais ambição, para elevados níveis de prosperidade, de crescimento da economia e dos rendimentos e oportunidades para todos os portugueses;
b) Com coragem reformista que fomente a competitividade das empresas, a qualificação dos portugueses, a inovação e geração de valor acrescentado, o reforço do Portugal empreendedor e exportador, a valorização do mundo rural, que salve e reabilite o Estado Social do definhamento em curso, e que assegure a todos os portugueses a saúde, educação e habitação acessíveis e com qualidade;
c) Com forte consciência social e baseada na dignidade da pessoa humana, para combater a pobreza, reativar a mobilidade social, valorizar a família, retomar a exigência na educação e que volte a confiar nas instituições sociais do terceiro setor;
d) Cuja governação tenha elevada exigência ética, integridade, responsabilidade política, respeito pela separação de poderes e pelas instituições, e empenho efetivo no combate à corrupção e tráfico de influências;
e) Que seja moderada, europeísta, atlantista e lusófona, defensora da liberdade, da igualdade de oportunidades, da segurança dos cidadãos e da defesa do País, respeitadora da propriedade privada, que aposte no desenvolvimento sustentável e valorize a cultura, os valores, a língua e as comunidades portuguesas.”