Uma análise de scouting básica serviria para se referir no relatório sobre João Félix que pressionar não é a característica mais forte do português. Ainda para mais, o antigo treinador do jogador de 24 anos no Atlético Madrid, Diego Simeone, nunca fez questão de esconder que não o deixava muito agradado a maneira como Félix defendia. Culpou-se o argentino por não adequar ao estilo da equipa àquele que podia ser o nome de referência dos colchoneros por vários anos, mas Simeone, numa manobra de contra-marketing, nunca escondeu os defeitos do prodígio formado no Seixal.
O conhecimento do Barcelona era por isso total em relação às qualidades e também aos defeitos de João Félix. Até aqui, parecia estar tudo bem. Desde que se mudou para a Catalunha, João Félix mostrou-se mais contente do que nunca desde que saiu do Benfica e o próprio clube, que adquiriu o jogador por empréstimo, tem pretensões de o comprar a título definitivo, tendo iniciado conversações para que tal aconteça.
Em sentido contrário, o treinador do Barça, Xavi Hernández, demonstrou insatisfação com o rendimento de Félix. Esta quarta-feira, o emblema blaugrana teve uma tarde difícil no Montjiuc, tendo que sofrer para levar de vencida o Almería (3-2), último classificado da La Liga que à 18.ª jornada não tem qualquer triunfo. João Félix saiu ao intervalo do encontro que o Barcelona venceu muito por conta da inspiração de Sergi Roberto que, com dois golos, terminou um ciclo de três jogos sem vencer.
João Félix foi substituído ao intervalo. Xavi demonstrou desagrado com o rendimento da equipa e lançou Ferran Tores no lugar do português. No final, o técnico não fez um balanço nada positivo. “A primeira parte é inaceitável, disse aos jogadores ao intervalo. Falta-nos eficácia, mas temos que ter agressividade e alma. Como treinador, não o aceito”, disse o treinador no final do encontro. “Não podemos deixar de dar tudo de nós. No segundo, jogaram uma forma diferente. Ou deixamos a pele ou não ganharemos nada. Temos que acordar. Se não chega através do futebol, tem que chegar através da alma”.
Convidado a especificar se as críticas se dirigiam a alguém em específico, Xavi referiu que “foi algo geral”, recusando apontar culpas. “Temos que ser agressivos. Temos que trabalhar como animais, por isso, vencemos”, continuou. “A alma fica bloqueada, a bola queima. Temos que dar tudo em campo. Não estou com raiva, foi o que vi. Não temos a qualidade do Barça de 2010 ou a individualidade, temos a alma, a agressividade”.