O cidadão taiwanês, identificado apenas pelo apelido, Cheng, organizou viagens a cinco províncias chinesas entre maio e outubro, disseram os procuradores do distrito de Ciaotou, na cidade de Kaohsiung (sul), em comunicado divulgado na segunda-feira.

Cheng, acusado de violar as leis eleitorais e de “anti-infiltração”, “foi encarregado e financiado por uma fonte de infiltração para promover candidatos e transmitir benefícios injustos aos eleitores“, referiu a mesma nota.

Os procuradores indicaram que Cheng recebeu cerca de 60 euros por pessoa, sem especificar o número de eleitores que beneficiaram destas viagens pagas pelos “governos regionais”, com exceção do bilhete de avião, que foi pago pelos próprios eleitores.

Cheng, que pertence a um pequeno grupo de civis pró-Pequim, sabia que as autoridades chinesas “apoiam o campo ‘pró-azul’ (…) que promove a unificação pacífica”, em referência à cor do partido Kuomintang, na oposição, favorável ao estreitamento de laços com Pequim, prosseguiram os procuradores.

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Taiwan, com uma população de 24 milhões de habitantes, prepara-se para eleger um novo presidente e um novo parlamento a 13 de janeiro.

Os preparativos para a votação estão a ser acompanhados de perto, principalmente em Pequim e em Washington, uma vez que poderão ser decisivos para o futuro das relações entre Taiwan e China.

Vice-presidente de Taiwan acusa China de tentar influenciar as próximas eleições

As autoridades de Taiwan receiam uma interferência chinesa suscetível de influenciar o resultado do escrutínio.

Num outro caso, no início de dezembro, os procuradores de Ciaotou anunciaram que estavam a investigar cinco pessoas suspeitas de terem organizado viagens patrocinadas por Pequim à província de Hunan, no sul da China, para 60 eleitores.

O principal suspeito, de nome Chou, pediu aos participantes que apoiassem candidatos específicos numa “tentativa de influenciar as intenções de voto dos eleitores e os resultados das eleições”, disseram os tribunais.

Chou é também acusado de “conspirar” com outra pessoa para produzir sondagens de opinião para influenciar as eleições, acrescentaram os procuradores.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.

“Conflito China-Taiwan é o mais perigoso do mundo”