O PCP assume que sabia da pretensão do Estado de comprar ações dos CTT. A confirmação chegou da líder parlamentar do PCP depois do Jornal de Negócios ter avançado que estas aquisições tinham sido negociadas com os comunistas, no decorrer das conversas para o Orçamento do Estado para 2021. O PCP absteve-se.
Paula Santos disse, no entanto, que a posição do partido sempre foi clara, defendendo a reversão da privatização dos CTT e o regresso ao controlo público da empresa.
“A aquisição de ações da empresa não foi a resposta adequada à necessidade e ao que se impunha. Não considerámos relevante porque o que se impunha era o controlo dos CTT”. Mas assumiu que o Governo, na altura, “deu essa informação” ao PCP, que, no entanto, não a considerou “relevante”, insistindo que o partido queria ir mais longe.
“Uma percentagem pequena de ações não garante o controlo da empresa”. A deputada comunista diz que se houve alguma sinalização do PS não seria dirigida ao PCP.
A deputada lembra que no contexto do OE2021 o PCP apresentou uma proposta de reversão da privatização, que foi rejeitada. “Independentemente de diversas declarações proferidas pelo PS, a verdade é que nunca teve verdadeiramente vontade de assegurar controlo público. O contrato de concessão estava a terminar e as iniciativas do PCP foram sistematicamente rejeitadas”.
E diz que é significativo o PS ter rejeitado, ao lado da direita, essas propostas.
O tema tem suscitado várias críticas da oposição que exige explicações, nomeadamente a Pedro Nuno Santos, mas o ex-ministro das Infraestruturas, atual secretário-geral do PS, assume não ter dado orientações à Parpública. Diz mesmo que “não há orientação do Ministério das Infraestruturas nem do ministro das Infraestruturas.
Pedro Nuno Santos afastou-se da notícia da compra de ações dos CTT pela Parpública, apontando o dedo ao Governo e a Fernando Medina. Questionado pelos jornalistas no Parlamento, o líder do PS respondeu que estes devem “colocar a questão ao Governo”.
“Eu tutelava a pasta mas não sou eu que dou orientações ao ministro das Finanças nem à Parpública. Tem de ser o Governo a dar esclarecimentos”, frisou.