O governo alemão descartou esta segunda-feira voltar atrás na sua decisão de cortar os subsídios ao gasóleo agrícola, numa altura em que milhares de agricultores participam em protestos a nível nacional, no primeiro dia de uma semana de manifestações.

Numa conferência de imprensa regular, o porta-voz do governo, Steffen Hebestreit, disse que o subsídio ao gasóleo agrícola seria cortado gradualmente em três etapas ao longo dos próximos três anos, um procedimento já acordado que descreveu como “considerado” e “correto”, sublinhando ao mesmo tempo que “não há planos no governo para voltar a alterar nada”.

Hebestreit recordou que, no âmbito do seu programa de consolidação orçamental para 2024 e na sequência de uma decisão do Tribunal Constitucional de 15 de novembro, o governo foi obrigado a reformular os orçamentos e “propôs poupanças” que, entre outras, também afetam os agricultores.

Reconheceu que existem tensões no país e protestos a vários níveis, como aconteceu também no passado recente em relação às medidas de contenção da pandemia do coronavírus ou face à chegada de refugiados em 2015.

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Em termos gerais, a Alemanha, a Europa e as sociedades ocidentais enfrentam um “momento difícil” e uma “frustração considerável” entre os cidadãos, não só na política externa, devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia e ao conflito no Médio Oriente, mas também devido à luta contra as alterações climáticas e às consequências das mesmas.

É evidente que temos de resolver os problemas, e os problemas, entre aspas, do governo não se tornaram mais pequenos” na sequência da decisão constitucional que obriga a cortes, uma tarefa a que o executivo “não se pode furtar”, disse.

As decisões que foram tomadas e que estão agora a ser implementadas causam “ressentimento”, que alguns grupos articulam muito alto, como é seu direito, disse, acrescentando que o facto de haver protestos “está em ordem”, desde que sejam pacíficos.

“Mas, algures, tudo tem de ser resolvido e temos de nos contentar com o dinheiro que temos”, sublinhou.

Por seu lado, o porta-voz do ministério do Interior alemão, Maximilian Kall, aludiu esta segunda-feira às palavras da ministra do Interior, Nancy Faeser, segundo a qual é de esperar “que os extremistas de direita e outros inimigos da democracia tentem infiltrar-se e explorar os protestos”, um fenómeno que, por outro lado, não é novo, recordou.

O porta-voz sublinhou que, com estas palavras, não se referia aos protestos dos agricultores em si, “mas a certos grupos da zona envolvente” que se aproveitam deles para os explorar.