O administrador executivo do Global Media Group (GMG) Paulo Lima de Carvalho rejeitou esta terça-feira ter protagonizado qualquer “interferência editorial” na rádio TSF ou nas publicações do grupo, garantindo que só numa “única situação” procurou “alertar sobre uma notícia errada”.

Num esclarecimento escrito dirigido ao presidente da comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, em resposta a declarações do ex-diretor da TSF Domingos Andrade feitas na passada quinta-feira numa audição naquela comissão, sobre a atual situação do GMG, o administrador assume a sua “estupefação” com a associação desta sua intervenção a uma “suposta interferência editorial”.

Na quinta-feira, Domingos Andrade tinha dito aos deputados que sentiu pressões da nova gestão do fundo investimento World Opportunity Fund (WOF) e apontou um caso específico como exemplo: “A nova gestão ainda mal tinha acabado de chegar e o senhor Paulo Lima de Carvalho, depois de ter tentado pressionar o diretor adjunto da TSF” para que ele “dissesse quem foi que aprovou uma determinada notícia” que tinha ido para o ‘site’ da rádio e goradas as tentativas, tentou “fazer o mesmo comigo”, relatou o jornalista. “Isto é apenas um episódio”, acrescentou.

“Estamos a assistir à destruição reputacional de marcas e redações” na Global Media Group, afirmou Domingos Andrade

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No esclarecimento divulgado esta terça-feira, Paulo Lima de Carvalho concretiza que em causa está uma notícia intitulada “Um escândalo. Ciclistas que não recebem prémios desde 2018 ameaçam recorrer à justiça”, que estava ‘online’ no ‘site’ da TSF desde 24 de agosto de 2023 e para a qual foi alertado na semana de 28 de agosto, “por alguém da área comercial do JN”.

Segundo refere, a notícia em causa “estava a pôr em causa um produto do JN, no caso concreto, o GP [Grande Prémio] Jornal de Notícias, com uma notícia não verdadeira”, referindo que “existiam prémios do GP Jornal de Notícias 2012 por pagar aos ciclistas”.

“O facto de esta notícia estar ‘online’ desde dia 24 de agosto de 2023 levou a que cerca de dois ou três municípios […] tenham comunicado que queriam cancelar o apoio ao Grande Prémio JN 2023, que decorria de 2 a 10 de setembro, ou seja, daí a três ou quatro dias”, sustenta o administrador do GMG.

Perante “este alerta de que, supostamente, a TSF estava a difundir uma notícia errada e que estava a prejudicar diretamente outra marca do grupo, o JN”, Paulo Lima de Carvalho diz ter-se dirigido à redação da TSF para questionar “quem lá estava se sabia quem tinha sido a pessoa responsável pela publicação da notícia e se teriam validado internamente os factos que a constituíam”.

“Não obtive qualquer resposta, ninguém tinha conhecimento de quem poderia ter produzido aquela notícia”, relata, detalhando ter, por isso, contactado o então diretor da TSF, Domingos Andrade, também administrador executivo com o pelouro editorial, que lhe “referiu desconhecer igualmente a existência dessa notícia, mas que iria averiguar”.

“Após breves momentos, informou-me que a notícia já não estaria ‘online'”, concluiu.

Garantindo que, “até hoje, [esta] foi a única situação” em que procurou “alertar sobre uma notícia errada produzida no seio do grupo, pelo impacto negativo de uma marca sobre outra”, Paulo Lima de Carvalho questiona: “Devem os gestores proteger as empresas e o crescimento das marcas e, consequentemente do grupo onde operam, num objetivo comum, ou permitir e fomentar que elas se destruam umas as outras com base em notícias falsas?”.

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No esclarecimento divulgado, o administrador do GMG refuta ainda a afirmação de Domingos Andrade de que foi informado “em meados do mês de maio” por Marco Galinha – na altura presidente executivo (CEO) do GMG – da sua entrada na administração, nomeado pelo novo acionista World Opportunity Fund (WOF).

“[…] Importa referir que a minha nomeação como administrador executivo do Global Media Group se deu a 17 de julho de 2023, após ter aceitado o convite que me foi endereçado pelo Sr. Marco Galinha no dia 7 de Julho de 2023, dia aliás em que pessoalmente nos conhecemos. Neste sentido, a afirmação de que em meados do mês de maio o Sr. Marco Galinha teria já informado o Sr. Domingos Andrade da minha entrada não faz sentido, bem como, a da minha nomeação pelo Fundo”, refere.

Já relativamente “à afirmação da suposta relação duvidosa entre as empresas Sentinelcriterion e WLPartner”, Paulo Lima de Carvalho diz que a primeira foi criada entre si e um “amigo de infância”, nomeadamente para “realizar eventos desportivos e de promoção de bem-estar e de saúde dos participantes”, e “acabou por nunca ter uma atividade relevante, tendo sido residual após 2021, e posteriormente cessado a sua atividade”.

“As empresas têm uma vida própria que passa por conseguir negócio e dar lucro, podendo ser por concursos públicos e/ou privados, enviar propostas a diversas entidades, etc, ganhando umas, perdendo outras, pelo que a relação que se tenta estabelecer é descabida”, argumenta.