Bilhetes com nomes das cidades onde o FC Porto ganhou títulos europeus para cada um dos setores da sala da Alfândega do Porto sem esquecer as Antas e o Dragão, um espaço sem cadeiras vazias com a noção de que muitas mais pessoas poderiam estar presentes se não existisse esse condicionalismo físico, um discurso que foi preparado ao pormenor para tocar em todos os pontos “balizando” as mensagens que seriam importantes para André Villas-Boas: respeitar quem deu uma dimensão mundial ao clube no passado, explicar aquilo que não está bem no presente e desenvolver ideias para garantir o futuro. Sempre a olhar para o FC Porto, sem menções a rivais externos concretos ou “artificiais”. No final desse discurso com cerca de meia hora, o ex-treinador e agora candidato à presidência dos azuis e brancos voltou a reforçar essas mesmas ideias.

“A história não é benevolente com quem se mantém refém do passado”: Villas-Boas apresenta candidatura a citar Pedroto

“O FC Porto precisa de uma mudança. Tenho vindo a preparar-me nesse sentido, para ser um motor de transformação do FC Porto. O clube necessita de se encontrar com as suas bases, os seus valores, com os princípios fundamentais da sua instituição, precisa de se encontrar com todos os associados. É preciso demonstrar uma nova dinâmica, uma nova força, um modelo de gestão mais rigoroso que funcione para o clube. É tempo de mudança e do FC Porto entrar numa nova fase da sua vida”, começou por dizer André Villas-Boas aos jornalistas depois da apresentação que marcou o lançamento da sua candidatura.

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“Traição a Pinto da Costa? Ninguém está aqui para trair ninguém, o presidente do FC Porto é uma peça fundamental na sua história, o presidente dos presidentes do clube, assim será recordado para sempre. Queremos mostrar a nossa força, a nossa equipa e o programa que temos para os sócios decidirem em conformidade, com o programa e as equipas de cada candidato, aquilo que querem para o FC Porto. É tempo de preparar uma nova fase da vida do FC Porto. Lamento que, a três meses das eleições, estejam a ser tomadas decisões estruturantes para o futuro do clube, que podem ter um grande impacto na sua vida futura. É um momento de mudança. Sentiram aqui a força e desejo de mudança dos adeptos. Não é por não estarmos gratos a Pinto da Costa pelo que fez, é porque o FC Porto vai entrar num momento diferente da sua vida e precisa de mudar”, prosseguiu, voltando a apontar aos problemas da parte económica e financeira.

“Aqui falo como sócio: estou muito ansioso por compreender, finalmente, o que se passa com o negócio da Legends ou com a Sixth Street, que pode fazer retornar o FC Porto aos capitais próprios positivos ou muito perto disso, como disse o senhor presidente, até 31 de dezembro. Estamos à espera dessas decisões estruturantes para o futuro e melhor compreender e adaptar as nossas estratégias, relativamente à nossa estratégia financeira. São opções decisivas e é lamentável que a três meses das eleições estejam a ser tomadas, porque podem hipotecar a gestão futura do clube. Temos de ser muito francos com os sócios. Decisões desta envergadura só acontecem quando se vende parte do clube ou uma das participadas do clube ou quando se fazem movimentos contabilísticos relativamente à reavaliação dos ativos do clube, como é o Estádio do Dragão”, apontou o antigo treinador dos azuis e brancos, passando para a parte desportiva.

“O motor do FC Porto é a gestão desportiva e é essa que, lamentavelmente, desapareceu. Num enquadramento estruturado, num modelo de gestão rigoroso, que funciona, o FC Porto pode voltar a encontrar essa força. E a nossa força é ganhar troféus, formar mais jogadores, encontrar melhores jogadores, continuar a competir para ganhar. No fundo, é isso a sustentabilidade do clube e será esse o nosso motor. Uma gestão desportiva rigorosa e adequada à modernidade, com pessoas que representam totalmente a mística do FC Porto, competentes, experientes e com nome no mercado”, voltou a destacar Villas-Boas.

Por fim, o candidato explicou também a parte em que falou de “medo” no FC Porto. “Lamentavelmente ainda estamos à espera de saber as consequências daquilo que aconteceu na Assembleia Geral de dia 13 de novembro. Foi uma Assembleia marcada pelo que todos sabemos. Muitas das Casas não querem perder a pouca alocação de bilhetes que já têm, naturalmente que Casas associadas a outras candidaturas podem ficar ainda mais estranguladas em relação aos seus bilhetes por apoiarem uma outra candidatura. Nesta fase, o FC Porto deve respeitar as eleições de forma democrática mas também a Direção e os órgãos atuais e a administração. Tivemos aqui algumas Casas aqui e é importante que se possam exprimir livremente, à vontade, e permitir que os candidatos possam ir lá sem qualquer tipo de represálias”, concluiu.