Num instante, tudo pode mudar. Quando deu uma entrevista de fundo à SIC entre Assembleias Gerais do FC Porto, Pinto da Costa recusou-se a tecer grandes comentários sobre André Villas-Boas. Uma ou outra “farpa”, a dúvida sobre a intenção, pouco mais do que isso. Uns dias depois, no Dragão Arena que viria a votar a favor do Relatório e Contas do exercício 2022/23 do clube, não perdeu a oportunidade de visar diretamente o ex-treinador dos dragões, a começar logo pelo facto de ter marcado pela primeira vez presença numa reunião magna. Num instante, tudo mudou. E era essa também a curiosidade que entroncava no jantar organizado pela Comissão de Apoio à Recandidatura, sobretudo depois da apresentação com pompa e circunstância de Villas-Boas na Alfândega do Porto marcada por presenças que não passaram ao lado de Pinto da Costa.
Antes, em mais um episódio do “Primeira Pessoa” de Fátima Campos Ferreira na RTP que será transmitido apenas no final do mês, o presidente dos azuis e brancos falou mais um pouco sobre o seu futuro do clube. O tabu sobre a recandidatura não foi totalmente desfeito mas, mais uma vez, Pinto da Costa apontou a mira a André Villas-Boas. “Então os nossos inimigos é que apoiam um candidato para o meu clube? Aqui há gato… Mesmo gostando de animais, desse tipo de gatos não gosto. Isso pode ser um argumento para eu tomar decisão diferente daquela que eu acho que, para mim, era a melhor”, comentou o número 1 portista, revisitando ainda o momento em que o então treinador deixou aquela dizia ser a sua “cadeira de sonho”.
“Quando vejo uma pessoa que quer ser presidente, porque é uma obsessão que tem, isso não é servir o FC Porto. Não é ser diretor do FC Porto como eu fui, eu comecei como chefe de secção. Agora, quando vejo uma pessoa que tem uma obsessão, diz que quer ser o presidente, que percurso teve? Se eu visse que havia uma pessoa, que toda a gente viu, quer que seja e ele aceita ser como missão, eu não me recandidataria de certeza”, admitiu Pinto da Costa, numa ideia que já tinha deixado em intervenções públicas no passado.
“A cadeira de sonho dele acabou quando lhe acenaram com dinheiro. Teve uma cadeira sonho, ganhou o Campeonato, ganhou tudo, tinha uma equipa fenomenal. Estava eu tranquilo para a época seguinte, fui chamado pelo Antero [Henrique, diretor geral do FC Porto] porque ele queria ir embora, tinha um contrato milionário no Chelsea. Quando os sonhos terminam com dinheiro, para mim são sonhos que não são de recordar”, recordou o presidente portista, a propósito da saída para os blues no verão de 2011.
“Recandidatura? Primeiro, tenho um projeto, ter a equipa de futebol novamente nos primeiros lugares da Europa. Depois quero ter a academia, ter a certeza que se faz e que vai ser a melhor academia de Portugal. Campanha? Nunca fiz campanha eleitoral, nem vou fazer. Se perder eleições? Para mim perder a eleição não seria uma humilhação. Sairia de consciência tranquila. Tenho um projeto, as pessoas sabem o que é o meu projeto, tenho uma obra feita, as pessoas sabem. Se as pessoas quiserem mudar, plenamente… Os sócios é que mandam”, salientou no mesmo excerto apresentado pela RTP o líder dos dragões.