Fábio Veríssimo não terá sido o primeiro e Ilda Rodrigues poderá não ter sido a última. A Polícia Judiciária (PJ) informou esta quinta-feira que o suspeito de ter matado o jovem de 20 anos e a idosa de 76, no Seixal, no último mês, já “teria praticado outros crimes com recurso a arma branca”.

“Entre 26 de dezembro [data do primeiro homicídio] e 16 de janeiro [data do segundo], houve três situações de roubo praticadas com arma branca, naquela zona“, adiantou o diretor do Departamento de Investigação Criminal (DIC) da PJ de Setúbal, João Bugia, em conferência de imprensa.

Através das “características fornecidas pelas vítimas” e do modus operandi descrito, a PJ chegou à conclusão de que “encaixavam no perfil” do homem, de 24 anos, detido esta quarta-feira, fora de grande delito e na casa onde morava, por suspeitas de dois homicídios.

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O primeiro ocorreu no dia a seguir ao Natal, quando o jovem foi agredido com uma faca na via pública, na freguesia de Amora.

Já o segundo, aconteceu esta terça-feira, a cerca de 500 metros do primeiro, tendo o suspeito abordado a vítima para lhe roubar a mala. A idosa ter-se-á recusado a entregá-la e “terá sido atingida com cinco golpes de arma branca, na zona do tórax e axila”, segundo fontes da Proteção Civil e da PSP adiantaram à Lusa. Ainda foi assistida no local, mas o óbito acabou por ser declarado no interior da ambulância.

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O diretor do DIC de Setúbal referiu ainda que, durante a detenção e recolha de materiais probatórios, “foi apreendida a arma do crime” e também “a mala da senhora que tinha sido roubada, com a respetiva documentação” no interior.

Além disso, adiantou que a arma branca apreendida na casa onde o suspeito dos crimes vivia com os irmãos é a mesma “utilizada o crime de dia 26″, não sabendo, contudo, quais foram as motivações deste.

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Nada foi roubado, pelo menos, que nós saibamos. A vítima tinha o telemóvel e a carteira. Portanto, nada indica que tenha havido presença de roubo, contrariamente ao que aconteceu no dia 16″, sublinhou.

Excluído este cenário, a PJ tentou perceber se havia algum tipo de relacionamento entre o suspeito e a primeira vítima, tendo o diretor reforçado que “ainda não foi detetada nenhuma ligação”.

João Bugia afastou ainda que o detido, que “não nasceu em Portugal, mas está cá há bastante tempo”, tivesse alguma dependência a estupefacientes ou algum problema psicológico. Por isso, apontou a “necessidade de dinheiro”, visto que o homem se encontrava desempregado – tendo estado sempre pouco tempo nos mesmos locais de trabalho, por “conflitos com os colegas” – para a motivação dos crimes.

O suspeito será presente esta sexta-feira de manhã no Tribunal do Seixal, para aplicação das medidas de coação.