Os veículos eléctricos gastam menos energia para percorrer uma determinada distância, quando comparados com os seus rivais equipados com motores de combustão. O problema reside nas baterias, pois as maiores oferecem uma capacidade de cerca de 100 kWh, mas estão reservadas apenas para os topo de gama, uma vez que acumuladores com esta capacidade são consideravelmente pesados e caros. Para se ter uma ideia das limitações de um carro a bateria, basta recordar que 1 litro de gasolina contêm sensivelmente 10 kWh de energia, o que significa que um modelo de luxo a gasolina com um depósito de 80 litros equivale a um eléctrico com uma bateria com 800 kWh (os Tesla têm no máximo 100 kWh). Isto permitiria a um modelo eléctrico uma autonomia de quase 4000 km, mas implicaria um custo de 200.000€ e um peso de 4800 kg, só para a bateria. Daí que os eléctricos, mesmo os que possuem um acumulador com 100 kWh de capacidade, tenham de optimizar todos os pormenores para percorrer 400 a 500 km entre recargas, porque na realidade equivalem a um carro de luxo a gasolina com um depósito com somente 10 litros.
O Hyundai Motor Group, que inclui Hyundai, Kia e Genesis (ainda não comercializada entre nós), pretende optimizar o consumo dos seus modelos eléctricos, a única forma de esticar a autonomia sem recorrer a uma bateria maior ou mais eficiente. Daí que se concentre em melhorar todos os detalhes que interferem no desempenho do veículo, sendo que a aerodinâmica é um dos mais determinantes e, simultaneamente, fácil (e barato) de optimizar. A mais recente novidade sul-coreana nesta matéria são saias activas, cujo funcionamento faz recordar as grelhas activas que impedem o ar de entrar através da grelha frontal e que até surgiram ao serviço dos modelos a combustão. Também esta solução fecha a grelha (total ou parcialmente) para melhorar o Cx (coeficiente de penetração aerodinâmica), sempre que não é necessário mais ar para refrigerar o motor, o habitáculo ou as baterias. Mas a sua função passa igualmente por agilizar o ciclo de aquecimento do motor de combustão, para ultrapassar mais depressa o período em que este tipo de mecânicas é mais poluente.
As denominadas Active Air Skirt (AAS), que foram testadas num Genesis GV60, destinam-se a melhorar o Cx em 2,8%, reduzindo-o em 0,008, de acordo com o construtor. O mesmo revela ainda que o sistema baixa as saias a partir de 80 km/h e volta a subi-las a 70 km/h, para evitar que sejam danificadas nas manobras a velocidades mais reduzidas, como eventuais toques no passeio ao estacionar, por exemplo.
As saias activas melhoram o Cx ao desviar dos pneus o ar que passa sob o veículo, diminuindo a resistência ao avanço por este motivo, mas igualmente por reduzirem o turbilhão criado pelo movimento de rotação dos pneus e jantes. O contributo desta solução não é impressionante, mas todos os pormenores contam. Um dos vice-presidente do Hyundai Motor Group, Sun Hyung Cho, responsável pelo departamento de Mobilidade e Desenvolvimento do consórcio sul-coreano, promete “continuar a melhorar os veículos eléctricos, introduzindo optimizações aerodinâmicas”.