A maioria dos enfermeiros dos hospitais de Penafiel e de Amarante, no distrito do Porto, diz não ter condições para assumir a segurança dos cuidados prestados, pedindo escusa de responsabilidade, foi revelado esta terça-feira.
“A situação é caótica, os enfermeiros estão exaustos. Chegamos a esta situação limite“, afirmou o presidente do Conselho Diretivo do Norte da Ordem dos Enfermeiros, Miguel Vasconcelos.
Em declarações à agência Lusa, o responsável acrescentou que a situação se tem acentuado nos últimos meses naqueles hospitais, face ao pico da gripe, devido à falta de condições, sobretudo na urgência do Hospital Padre Américo (Penafiel), indicando que 78 dos 83 enfermeiros admitem que “não estão em condições de assegurar a vida e a segurança das pessoas e a qualidade dos cuidados de enfermagem”.
Aquela posição dos profissionais, sinalizou, foi assumida num documento enviado à administração e à Entidade Reguladora da Saúde.
Esta terça-feira, contou, há cerca de 50 doentes internados em macas nos corredores das urgências da unidade hospitalar de Penafiel, mas esse número já foi de 90 noutros momentos.
“Isto não é novo, mas é humanamente impossível para os profissionais”, observou.
O Hospital Padre Américo é a principal unidade hospitalar e a única com urgência médico-cirúrgica da recém-criada Unidade Local de Saúde (ULS) do Tâmega e Sousa (antigo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa), que integra também o Hospital de São Gonçalo, em Amarante, além dos cuidados de saúde primários.
A ULS abrange 11 municípios e uma população de quase meio milhão de habitantes.
Aludindo à situação de sobrelotação da urgência do hospital do Penafiel, Miguel Vasconcelos reafirmou que enfermeiros e outros profissionais de saúde estão cansados da situação, lamentando que nada tenha sido feito para resolver os problemas que têm sido denunciados.
Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Penafiel manifestou abertura ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde para uma solução que permita ampliar o hospital da cidade e resolver as insuficiências do serviço de urgência, informou o município.
A Lusa contactou a ULS do Tâmega e Sousa, mas não foi possível obter uma reação até ao momento.