Centenas de pessoas manifestaram-se este sábado em Nairóbi contra os assassinatos de mulheres no Quénia, indignadas com a morte de pelo menos 16 mulheres desde o início do ano, relata a agência noticiosa AFP.
Os manifestantes saíram às ruas da capital queniana empunhando cartazes com dizeres como “Ser mulher não deveria ser uma sentença de morte” e “O patriarcado mata”.
Outros manifestantes mostravam fotos e os nomes das vítimas, enquanto gritavam “Parem de nos matar” e marchavam em direção ao parlamento, paralisando o trânsito no distrito comercial central de Nairóbi, escreve a agência noticiosa francesa AFP.
Segundo relatos dos meios de comunicação social, pelo menos 16 mulheres foram mortas no Quénia este ano.
O Governo queniano, preocupado com a situação, destaca que, sem estarem ligados entre si, estes assassinatos evidenciam uma violência contra as mulheres “em crescimento”.
Num dos casos que marcou o país, acrescenta a AFP, citando fontes da polícia, uma mulher de 26 anos foi morta, a 04 de janeiro, num motel, por um alegado membro de um bando de extorsionários que visam mulheres através de ‘sites’ de encontros.
Cerca de duas semanas depois, uma outra mulher de 20 anos foi estrangulada, desmembrada e os seus restos mortais colocados num saco de plástico, tendo dois homens sido detidos por envolvimento neste crime, mas ainda não foram acusados.
“O feminicídio é a manifestação mais brutal de violência baseada no género”, afirmou a secção queniana da Amnistia Internacional num comunicado divulgado hoje, por ocasião da marcha.
“É inaceitável e nunca deve ser normalizado”, acrescentou o grupo de direitos humanos, apelando às autoridades para que acelerem as investigações e os processos judiciais contra os perpetradores.
No protesto, Terry Wangare, uma das responsáveis pela comunicação do protesto, sublinhou disse que é “hora de o Quénia se levantar e tomar uma decisão”.
“Ninguém se importa”, lamentou Wangare em declarações à AFP.
Faith Claire Wanjiru, uma estudante de 23 anos que participou hoje no seu primeiro protesto, disse estar “zangada”, pois “ninguém deveria tirar a vida de alguém”.
De acordo com um relatório governamental divulgado no ano passado, mais de 30% das mulheres no Quénia sofreram violência física durante a sua vida e 13% sofreram alguma forma de violência sexual.
Houve pelo menos 152 feminicídios no Quénia no ano passado, de acordo com a Organização Não Governamental Femicide Count, que monitoriza apenas os incidentes relatados às autoridades.
Em 2022, cerca de 725 mulheres e meninas foram assassinadas neste país da África Oriental, de acordo com um relatório do organismo das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).