Jannik Sinner foi literalmente o único que se deitou na Rod Laver Arena quando conquistou o ponto que lhe deu o Open da Austrália, o primeiro Grand Slam da carreira. Todas as restantes pessoas, em sentido inverso, se levantaram para aplaudir o esforço glorioso por ter conseguido recuperar de dois sets de desvantagem na final contra Daniil Medvedev. Demorou alguns instantes estendido no azul do court enquanto era bafejado pela quentura de Melbourne que se misturava com os efeitos do legítimo cansaço das 3h44 que passou a defender-se e a atacar o adversário.
Quando se ergueu debaixo do barulho dos aplausos, recebeu o troféu e garantiu: “Este é um bom sítio para se estar. Na Europa, está a nevar. Onde os meus pais se encontram estão -20.ºC de manhã. É melhor estar ao sol aqui”. E sim, Sinner tem um lugar ao sol na Austrália por se ter tornado no primeiro tenista, além de Novak Djokovic, a vencer um Open da Austrália desde 2019, contabilizando apenas edições em que o sérvio participou.
Desde cedo, Sinner foi habituado a decidir por si. “Queria que toda a gente tivesse os meus pais. Eles sempre me deixaram escolher o que eu quisesse. Quando era mais novo, fiz outros desportos e eles nunca me puseram pressão. Espero que todas as crianças quanto possível possam ter esta liberdade”. Neste caso, na final do Open da Austrália, as decisões foram tomadas a quente, mas resultaram de um processo de crescimento que foi feito ao frio.
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O local onde os pais de Sinner assistiram à final é a região do Tirol, no norte de Itália. Foi lá que o atual tenista se apaixonou por outros desportos. Antes de ser o número quatro do ranking e de ser detentor de um Open da Austrália, foi campeão nacional de slalom gigante em 2008, vice-campeão nacional em 2012 e admite que “era muito melhor no esqui do que no ténis”, contou numa entrevista à Interview Magazine. “Mudei quando tinha cerca de 13 anos, porque para mim esquiar não é um jogo. Trata-se de tentar descer o mais rápido possível. No ténis, podemos cometer erros e ainda assim encontrar uma maneira de vencer”.
A viver no Mónaco, o jovem de 22 anos tornou-se no terceiro tenista italiano a vencer um torneio do Grand Slam depois de Nicola Pietrangeli (1959 e 1960) e Adriano Panatta (1976), ambos em Roland Garros, e começa a cumprir o que muitos esperavam de si. “Daqui a cinco anos, muito provavelmente, Alcaraz, Sinner e Rune serão um, dois e três [do mundo], com Medvedev a dificultar-lhes as vidas”. Esta é a opinião expressa por Ivan Ljubicic, antigo jogador e treinador de Roger Federer, em declarações ao portal Tennis Majors. No início de 2024, o italiano deu um passo nesse sentido. Mesmo que tenha um futuro reservado no ténis, modalidade à qual se dedica profissionalmente desde 2018, Sinner é ainda apreciador de desporto motorizados e futebol.
Habituado a comer cenouras durante os jogos, Sinner ganhou um grupo de fãs conhecidos por “Carota Boys” que são presença assídua nas bancadas para apoiarem o jogador. “Estão a ficar mais conhecidos do que eu”, disse quando a claque de seis elementos começou a ganhar protagonismo, mas dificilmente, por estes dias, alguém tira o seu nome das bocas do mundo.
The Carota Boys are with Jannik Sinner in spirit. ????
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— The Tennis Letter (@TheTennisLetter) January 28, 2024