Em Portugal, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) prometeu esta terça-feira “promover um conjunto de iniciativas regionais de protesto”.

Apesar de não avançar datas, nem o local onde vão decorrer estas iniciativas, a CNA adiantou que em causa estão concentrações, marchas lentas e manifestações.

Estes protestos têm em vista a “construção de um caderno de reclamações, com medidas concretas que um novo Governo possa implementar”.

A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) garantiu esta terça-feira à Lusa que, neste momento, não se verificam problemas de abastecimento devido ao bloqueio dos agricultores em França, mas alertou para a possibilidade de alguns constrangimentos.

A FIPA considerou que todos os movimentos que levam a paragens “são sempre situações preocupantes” e defendeu a necessidade de algumas situações que afetam, sobretudo, o setor primário serem resolvidas e esclarecidas “em tempo útil”.

“É evidente que a situação que se está a passar em França, e que se arrasta já há alguns dias, encerra uma preocupação, relativamente à qual estamos atentos. Não se registam em Portugal, no caso concreto da indústria agroalimentar, nenhumas dificuldades relativamente aos stocks“, assegurou o presidente da FIPA, Jorge Henriques, em declarações à Lusa.

A indústria agroalimentar, à semelhança das restantes, está precavida com stocks de segurança, mantendo-se a produzir de uma forma normal.

Contudo, o setor está preocupado, uma vez que o bloqueio está também a afetar, por exemplo, o setor das peças e dos componentes para as máquinas industriais, das quais dependem.

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Assim, podem vir a registar-se alguns problemas no que diz respeito à manutenção das máquinas.

“Nós não temos, neste momento […], registo de ruturas naquilo que são as necessidades básicas dos portugueses”, vincou.

Apesar de ressalvar que o impacto vai depender da duração dos protestos, Jorge Henriques sublinhou haver “muito abastecimento” no mercado interno de matérias-primas.

“Muitas das matérias-primas que importamos chegam por via marítima ou ferroviária. Há uma multiplicidade de meios”, sublinhou, notando que, mesmo assim, podem verificar-se constrangimentos em algumas importações.

Na segunda-feira, em declarações à Lusa, o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) afirmou que vários camiões portugueses estão retidos em toda a França, há uma semana, devido aos bloqueios de agricultores franceses.

Mais de 1.700 agricultores envolvidos em 25 bloqueios em toda a França. Camionistas portugueses retidos

“Não conseguimos quantificar, mas há muitos camionistas portugueses retidos devido ao bloqueio dos agricultores em França. Neste momento a situação é muito preocupante, não apenas por ser uma situação que se arrasta há vários dias, mas porque não há visibilidade sobre quando poderá terminar”, disse André Matias de Almeida.

Os agricultores franceses estão a bloquear várias estradas no país para denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.