O Presidente da República considerou esta quarta-feira que a pré-campanha tem sido esclarecedora quanto às possíveis soluções de governo, recusando antecipar como irá atuar, incluindo se dará ou não preferência à força mais votada.
“A palavra decisiva é dos portugueses. O que eu posso dizer é que a campanha pré-eleitoral tem sido muito esclarecedora. Nenhum dos líderes escondeu dos portugueses aquilo que pensa sobre a sua visão de futuro para Portugal. Nenhum, às vezes podia acontecer”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na Cordoaria Nacional, em Lisboa.
Segundo o chefe de Estado, “os portugueses são muito sabidos” e neste momento já “têm na sua mão os dados disponíveis” para escolher quem entendem que deve governar, porque “todos os partidos e coligações têm sido muito claros” em relação à formação do futuro governo do país, “todos têm dito como é que se posicionam”.
Quanto à sua atuação na sequência dos resultados eleitorais, escusou-se a responder se irá ou não dar preferência à força mais votada e disse apenas que irá “olhar para os resultados, ver como é que as várias forças políticas interpretam os resultados”, mas considerou que não pode impor a ninguém “governar à força”.
“O Presidente não pode violentar os líderes partidários. Um líder partidário pode dizer o seguinte: olhe, eu governo em qualquer caso. Mas pode dizer: não, eu só governo se ganhar”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa respondeu a perguntas dos jornalistas no fim de uma visita a uma exposição de fotografia de Eduardo Gageiro inserida nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Depois de falar sobre os protestos das forças de segurança, o Presidente da República foi questionado sobre a crise política na Madeira, as eleições regionais do passado domingo nos Açores e as legislativas antecipadas de 10 de março.
Questionado se nos Açores a coligação PSD/CDS-PP/PPM liderada por José Manuel Bolieiro tem condições para governar com maioria relativa, o chefe de Estado remeteu a questão para o representante da República, mas lembrou que quando presidiu ao PSD, entre 1996 e 1999, viabilizou a governação minoritária do PS.
“Eu sou suspeito, porque eu viabilizei um governo minoritário do engenheiro Guterres, durante três anos”, lembrou, para logo acrescentar que isso “não significa nada” quanto ao atual contexto.
Sobre a situação política na Madeira, referiu que o representante da República ouvirá os partidos entre esta quarta e sexta-feira, reiterou que nada irá dizer sobre uma eventual dissolução enquanto não tiver esse poder, até 24 de março, e aconselhou a que se espere: “Depois se verá exatamente qual é a solução adequada”.
Quanto o quadro político que sairá das eleições legislativas de 10 de março, Marcelo Rebelo de Sousa disse que reuniu recentemente os seus conselheiros e consultores e “cada um tem um cenário diferente“.
“E todos os portugueses têm direito a fazer cenários, desde logo, porque têm de escolher o seu voto. Mas o que conta são os votinhos. Não serve de nada estar a pensar sobre cenários, é uma perda de tempo, porque o que interessa é, na noite das eleições, tudo somado, tudo visto, quem é que os portugueses escolheram e em quem termos”, prosseguiu.
Na sua opinião, “os portugueses estão atentos” e “mesmo os mais jovens, que para muitos andam divorciados, parecem querem participar mais”.
“Agora o Presidente só vai concentrar-se em quê? Em factos, são resultados materiais, não em cenários, não em sondagens”, acrescentou. “Vamos esperar. Não há nada como ver factos, resultados, dados concretos, e não congeminações”, reforçou.
O Presidente da República, que não fazia declarações públicas desde 26 de janeiro, despediu-se com a promessa de igual período de silêncio: “Até daqui a doze dias”.