O acordo para a venda do Jornal de Notícias, TSF e Jogo a um grupo de empresários do norte prevê que os acionistas da Global Media assumam uma participação minoritária na nova solução empresarial para aqueles títulos. Segundo informação recolhida pelo Observador, o memorando de entendimento assinado esta semana tem uma opção que permite aos vendedores ficarem com 30% do capital.

Marco Galinha e Kevin Ho, os dois acionistas da Global Media que falaram publicamente sobre esta transação, já admitiram continuar parceiros da nova solução cujo o rosto tem sido o empresário de Ponto de Lima e dono da Officetottal Food Brands, Diogo Freitas. São ainda acionistas da Global, e subscritores do acordo de venda dos dois jornais e da rádio, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira.

Grupo de empresários assinou memorando de entendimento para comprar JN, TSF e Jogo

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Do lado dos compradores estão empresários que já foram sócios de Marco Galinha no negócio dos media, ligados à Parsoc e a Ilíria, como é o caso de Jorge Ribeiro, e é também referida uma empresa de cosmética do Porto, a Mesosystems.

De acordo com informação obtida pelo Observador, a operação terá um valor de referência da ordem dos 16 milhões de euros, sendo que foi feita esta semana uma transferência de 1,5 milhões de euros para pagar os salários de janeiro aos mais de 500 trabalhadores efetivos do grupo. Ainda estão a ser trabalhadas soluções para regularizar os pagamentos a colaboradores e do subsídio de Natal.

O Word Opportunity Fund (WOF) ficará fora da nova solução e os atuais acionistas aguardam para estes dias a chegada de uma proposta de saída da Global Media.

O perímetro desta operação inclui para já TSF com a compra da empresa detentora da licença de rádio, mas o acordo admite a possibilidade de esta poder vir a ser vendida a outros investidores. A mudança de controlo da TSF exige um parecer prévio do regulador ERC, ao abrigo da lei da rádio, obrigação legal que não foi cumprida quando o Word Opportunity Fund assumiu 50,25% do capital da Global Media no ano passado. O DN, o Dinheiro Vivo e a participação na Lusa ficam para já no universo da Global Media.

Desta vez, venda de ativos da Global Media terá parecer prévio da ERC por causa da TSF

A saída do polémico fundo com sede nas Bahamas do qual só se conhece o nome do gestor francês — para além dos gestores portugueses nomeados para a Global, com José Paulo Fafe à cabeça, e que se demitiram —   é condição para que se concretize a solução de viabilização do grupo de media. Seja pela via negociada, seja pela via regulatória, seja pela via judicial.

A Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) abriu dois processos de averiguação sobre a propriedade e controlo acionista do fundo que podem resultar num congelamento dos direitos de voto na Global Media.

O tribunal já começou a apreciar uma providência cautelar de arresto contra a participação do fundo na Global Media. Esta ação foi instaurada por Marco Galinha, alegando incumprimento por parte do fundo, nomeadamente no que toca à transferência de recursos para o pagamento de salários que foi interrompido em dezembro. A ação foi também uma resposta à intenção manifestada pela ex-comissão executiva da Global Media de reduzir até 200 dos mais de 500 trabalhadores do grupo, ao contrário dos planos inicialmente apresentados de investimento e expansão.