O secretário-geral do PCP avisou esta quinta-feira que os próximos orçamentos do Estado não podem atribuir mais dinheiro às Parcerias Público Privadas (PPP) do que à cultura, defendendo que para futuro seja destinado a este setor 1% do PIB.
“Nós não podemos ter orçamentos de estado que atribuem mais dinheiro às parcerias público privadas do que à cultura. É o que temos hoje. Ora isto não pode continuar assim”, defendeu, no Porto, num encontro com trabalhadores da cultura.
Sublinhando o compromisso do partido com a cultura, o dirigente comunista reconheceu que a proposta da CDU de destinar 1% do Orçamento do Estado para o setor “não chega”, sendo objetivo futuro caminhar progressivamente para a meta de 1% do PIB.
“Não podemos ter um conjunto de companhias, de artistas fora dos apoios”, sublinhou.
Para Paulo Raimundo, a cultura é um dos pilares da democracia, sem o qual “a democracia económica, social e política nunca será concretizada, pelo que deve ser “valorizada, protegida e acarinhada”.
O secretário-geral do PCP vê como decisiva a resolução da questão da precariedade laboral a que estão sujeitos milhares de trabalhadores da cultura, e defende que tem de haver uma mudança de paradigma onde a cultura não seja vista como “um negócio”.
Perante uma sala cheia, o dirigente comunista deixou claro que a cultura não é apenas uma bandeira eleitoral que após as eleições se coloca numa gaveta e sublinhou o compromisso do partido com a democratização do acesso à cultura e dos bens culturais e com a revisão do atual modelo de apoio às artes, assegurando que nenhum projeto elegível não seja apoiado.
Em declarações aos jornalistas, questionado sobre o protesto das forças de segurança, Paulo Raimundo defendeu que o Governo ainda que em gestão, deve abrir caminho para resolver os problemas deste e de outros setores em dificuldades, tal como fez para o setor da agricultura.
“O Governo tem as condições todas para abrir caminhos que deem soluções a toda esta gente. O Governo decidiu e bem aquele apoio extraordinário — ainda esta na intenção vamos ver quando é que ele chega — aos agricultores de 500 milhões de euros, abriu um caminho, resolveu o problema dos agricultores? Não resolveu, mas abriu um caminho, tem de fazer o mesmo com toda esta gente”, disse apontando como exemplo os protestos das forças de segurança e de outros trabalhadores que reivindicam melhores salários e melhores condições de trabalho.
Para Paulo Jerónimo, o Governo mesmo estando em gestão “tem de responder”.
“Se o Governo não quer responder que não crie os problemas”, rematou.
Cerca de 70 elementos da PSP e da GNR estiveram desde as 06:00 de hoje em vigília junto ao aeroporto de Lisboa para mostrar a quem chega a Portugal o seu protesto por melhores condições salariais.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da plataforma que congrega os sindicatos da PSP e GNR e presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira, disse que esta vigília, que durou até à hora de almoço, é simbólica e visa chamar a atenção de quem visita Portugal para os problemas da polícia portuguesa.
Bruno Pereira indicou que os policias e militares da GNR vão continuar os protestos por aquilo que consideram ser um “tratamento desigual e discriminatório”, após o Governo ter aprovado o suplemento de missão para a PJ.