O melhor tempo nas meias-finais fazia com que fosse o último a ser chamado para a final no Aspire Dome. Era uma mera questão de tempo: três minutos depois, era outra vez o primeiro. Diogo Ribeiro já não era uma surpresa para toda a concorrência na final dos 100 metros mariposa depois de ter ganho a prova de 50 na passada segunda-feira e sabia que tinha dos dois lados nadadores com várias medalhas internacionais e até recordes pessoais abaixo dos 51 segundos. Resumo? Qualquer final de uns Mundiais é uma tarefa hercúlea, esta era um pouco mais. No entanto, e mais uma vez, o português desafiou com sucesso o impossível.

Não há limites para os sonhos, não há impossíveis na sua história: Diogo Ribeiro volta a sagrar-se campeão mundial

A utilizar mais uma vez os “calções da sorte” com que tinha feito a final dos 50 mariposa (na qualificação dos 100 metros utilizou outros, totalmente vermelhos), Diogo Ribeiro voltou a mostrar o grande momento que atravessa, virou na segunda posição e voltou a “explodir” nos metros finais para se sagrar bicampeão mundial em Doha. Ao contrário do que se passara no primeiro ouro, desta vez não houve propriamente aquela boca aberta de espanto pelo resultado mas sim razões para festejar de maneira redobrada mais uma conquista, batendo com as mãos na água, cerrando o punho e apontando com o dedo indicador para a zona das bancadas onde estavam a mãe, Teresa, a namorada e mais algumas pessoas próximas enquanto a equipa técnica da Seleção liderada por Albertinho voltava a abraçar-se com a sensação de dever cumprido.

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“Foi uma grande prova, obrigado a todos aqui! Nunca tinha feito esta final [dos 100 metros mariposa] no Mundial, é incrível. Fiz três finais em Mundiais, ganhei três medalhas”, destacou Diogo Ribeiro na flash interview, nas primeiras declarações feitas após a vitória que lhe valeu mais um título mundial. Mais: se juntarmos a isso aqueles Mundiais de juniores de 2022, são cinco ouros e um bronze… em seis finais.

As reações na água foram diferentes, a ida ao pódio para a consagração final também. Menos de uma hora depois do triunfo nos 100 mariposa, Diogo Ribeiro foi chamado a ocupar o lugar mais alto, cumprimentou os outros medalhados antes de subir ao primeiro lugar (o austríaco Simon Bucher e o polaco Jakub Majerski), recebeu a medalha de ouro de Craig Hunter tendo a preocupação de arranjar o capuz para não ficar com a fita presa no pescoço e colocou a mão no peito para cantar o hino nacional pela segunda vez nesta edição, sendo que só depois desse momento foi esboçando sorrisos e descontraiu um pouco mais.

Seguia-se a final dos 4×100 metros livres mistos, o que fez com que a transmissão não acompanhasse toda a saída do pódio para os balneários, mas ainda foi possível perceber que o apelo feito entre a comunidade portuguesa a residir no Qatar teve efeitos práticos, vendo-se este sábado muitas mais bandeiras de Portugal no Aspire Dome do que tinha acontecido na passada segunda-feira. Muitos adeptos nacionais a manifestarem o seu apoio, a zona da bancada em que estava a mãe, a namorada e mais algumas pessoas próximas, um bloco ainda maior de vermelho e verde que contava com todos os atletas nacionais em Doha, treinadores, fisioterapeutas, biomecânicos e restante staff. Tudo, claro, em ambiente de grande festa. Aí, Diogo Ribeiro “descontraiu” um pouco mais mas o foco já se encontra na prova de estafetas de amanhã.