A assembleia geral extraordinária do grupo Global Media, detentor de meios de comunicação como Jornal de Notícias, Diário de Notícias e TSF, elegeu esta segunda-feira novos administradores para substituir os que se demitiram ao longo das últimas semanas. Vítor Coutinho, que até março de 2021 foi vice-reitor do Santuário de Fátima, e Rui Rodrigues, que ficou conhecido como “Piratinha do Ar” (porque em adolescente desviou um avião da TAP), foram dois dos nomes escolhidos pelos acionistas, avançou o jornal Eco, que cita duas fontes com conhecimento do processo.
A história de Rui Rodrigues, o adolescente que no início da década de 1980 obrigou um avião da TAP a ser desviado para Madrid com outros 82 passageiros a bordo, deu origem a um dos Podcast Plus do Observador: o “Piratinha do Ar”, que conta com seis episódios. Conhecido por desviar um avião quando era jovem, tem uma carreira ligada a vários órgãos de comunicação, como, por exemplo, TSF, Rádio Comercial ou RTP, estação pública onde ocupou um cargo de administração. Desde 2016 que é sócio-gerente da empresa de construção de luxo Vip House.
“Piratinha do Ar”. O adolescente de 16 anos que desviou um avião da TAP
Já Vítor Coutinho foi chefe de gabinete do cardeal António Marto e vice-reitor do Santuário de Fátima entre 2014 e 2021, ano em que pediu “dispensa das obrigações do estado clerical e do celibato” através de uma carta enviada ao Papa Francisco. De acordo com o Expresso, ocupou depois, entre 2021 e 2022, o cargo de diretor de comunicação e assessor de Avelino Gaspar, presidente do grupo Lusiaves. Será, agora, o novo presidente executivo do Global Media Group.
O mesmo jornal avança que Diogo Queiroz de Andrade, jornalista que atualmente era diretor de inovação do grupo, também se estreará no conselho de administração. O presidente Marco Galinha mantém-se, bem como Kevin Ho e António Mendes Ferreira, acionistas minoritários. Há ainda espaço para o regresso de José Pedro Soeiro e Victor Menezes enquanto administradores.
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Uma proposta de aumento de capital no montante de cinco milhões de euros também estava em cima da mesa na assembleia geral extraordinária, mas acabou por não avançar porque foi alcançado, no final da semana passada, um acordo para a saída do fundo World Opportunity Fund (WOF), que controla a maior parte do capital do grupo.
A solução que foi encontrada, que foi avançada pela Lusa e que prevê a saída completa do WOF, chegou após a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deliberar sobre a “falta de transparência na cadeia de imputação da participação qualificada na sociedade Páginas Civilizadas”.
Numa comunicação interna, a que a Lusa teve acesso, os acionistas da Global Media confirmaram que a “a Comissão Executiva será nomeada atempadamente”. E manifestam-se esperançosos com o futuro. “Os acionistas do GMG depositam no Conselho de Administração, agora recomposto, plena confiança na missão de proteger e elevar o grupo, as suas marcas e os seus profissionais”, rematam.
Trabalhadores da TSF “lamentam ser os últimos a saber dos desenvolvimentos” sobre nova administração
A Comissão de Trabalhadores da TSF, através de uma nota, diz que teve conhecimento das nomeações da nova administração através da comunicação social, “lamentando que, numa matéria tão importante, os trabalhadores sejam os últimos a saber dos desenvolvimentos que dizem respeito às suas próprias vidas profissionais”. A comissão espera que “o atual impasse sobre o futuro da rádio esteja mais perto de um desfecho”.
Os trabalhadores da rádio instam a nova comissão executiva do GMG, que será nomeada nos próximos dias, “a saldar as dívidas que tem para com os trabalhadores, nomeadamente os subsídios de natal e as prestações avulsas, bem como o pagamento dos colaboradores que não são do quadro”.
Os trabalhadores mostram preocupação em relação pagamento dos salários deste mês e esperam “que sejam pagos a tempo e horas”. “Hoje, dia 19 de fevereiro, ainda não foram emitidos os recibos de vencimento dos trabalhadores da TSF”, acrescenta-se.
“A todos os acionistas, novos e anteriores administradores, bem como aos novos investidores, a Comissão de Trabalhadores da TSF alerta que o ‘tsunami’ provocado nos últimos meses no grupo deixou um rasto de destruição”, recorda-se ainda.