Com a técnica do murro no coração. Terá sido assim que morreu o principal opositor ao regime russo, Alexei Navalny, segundo avançou esta terça-feira ao jornal The Times Vladimir Osechkin, ativista russo e fundador do grupo de direitos humanos Gulagu.net. O dissidente terá sido primeiro exposto às temperaturas siberianas negativas durante horas e depois levou um soco no peito — o suficiente para o matar.

“Eu penso que eles primeiro destruíram o seu corpo ao deixá-lo ao frio durante muito tempo e reduzindo ao mínimo a circulação sanguínea”, expôs Vladimir Osechkin, que citou uma fonte da colónia penal IK-3, onde estava a cumprir pena Alexei Navalny. O ativista indicou que isso torna “muito fácil matar alguém em segundos”, sendo um soco no peito fatal para alguém exposto a temperaturas tão baixas.

Este método não é novo para as autoridades russas. “É um antigo método das forças das operações especiais do KGB [os serviços secretos soviéticos]”, sublinhou Vladimir Osechkin, acrescentando: “Eles treinavam o seu pessoal a matar uma pessoa com um soco no coração, no centro do corpo. É uma marca registada do KGB”.

Segundo o mesmo ativista, antes de ser agredido, Alexei Navalny terá passado entre duas horas e meia e quatro horas numa solitária ao ar livre. Era na Sibéria, onde as temperaturas podem chegar aos 27 graus negativos, que estava localizada colónia penal IK-3, para onde tinha sido transferido em dezembro. Normalmente, segundo escreve o Times, os reclusos não podem estar mais de uma hora ao ar livre, devido ao frio intenso.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Adicionalmente, Vladimir Osechkin assinalou que outros prisioneiros já morreram com este método na colónia penal IK-3.

De acordo com a versão oficial dos serviços penitenciários russos, Alexei Navalny morreu após sentir-se mal durante uma caminhada. Mais tarde, o sistema prisional da Rússia revelou que o opositor tinha morrido devido ao desenvolvimento de um coágulo sanguíneo.

Até agora, as autoridades russas não entregaram o corpo de Alexei Navalny à sua mãe ou à sua mulher, apesar dos apelos dos familiares. De acordo com o que informou o círculo próximo do opositor, o corpo será sujeito a um “exame químico” durante 14 dias.

A mulher de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya disse, esta segunda-feira, que o marido morreu após ter sido envenenado com a substância tóxica Novichok. Uma tese que não é corroborada por Vladimir Osechkin: “Quando alguém está a controlar o sistema prisional, há muitas maneiras de matar. Novichok deixaria vestígios no seu corpo que acabariam por levar diretamente a Putin, porque ele já o tentou matar assim no passado”.

“Daquilo que apurei junto às minhas fontes, foi uma operação especial que foi preparada durante dias”, detalhou o ativista russo, garantindo que foi o Kremlin quem matou Alexei Navalny. “Sem Moscovo, não seria possível desligar as câmaras como eles fizeram.”