Um tribunal dos Países Baixos condenou hoje a prisão perpétua o líder do crime organizado no país num processo em que 17 pessoas foram julgadas por seis assassinatos cometidos entre 2015 e 2017 e por várias tentativas de homicídio.

O tribunal de Amesterdão considerou Ridouan Taghi, 46 anos, e os colaboradores mais próximos: Said R.,51 anos, e Mario R, 44 anos, como os principais responsáveis de uma organização criminosa responsável por seis homicídios e cinco tentativas de homicídio.

Este processo penal ficou conhecido como “Caso Marengo”.

“O julgamento de todos os suspeitos foi justo”, sublinhou o juiz na audiência, que decorreu sob fortes medidas de segurança, como todo o julgamento, com polícias fortemente armados e posicionados frente ao tribunal.

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As identidades das pessoas envolvidas no julgamento, incluindo os juízes, também foram mantidas em segredo por razões de segurança.

Taghi, o líder da “máfia holandesa”, foi detido no Dubai no final de 2019, após vários anos de fuga à Justiça, sendo o ajudante, Said R., detido alguns meses depois em Medellín e extraditado pelas autoridades colombianas para a Holanda para ser julgado no “Caso Marengo”.

Outro dos acusados, Achraf B, foi condenado a 29 anos e dois meses de prisão.

Marrocos também solicitou a extradição pelo alegado envolvimento num ataque a um café em Marraquexe em 2017, no qual o filho de um conhecido juiz marroquino foi morto.

Outro arguido, Mohamed R, foi condenado a 27 anos de prisão.

Os outros 12 implicados foram condenados a penas que variam entre 21 meses e mais de 23 anos de cadeia.

Foram quase seis anos de processos judiciais, com 142 dias de julgamento, dezenas de milhares de páginas de ficheiros de processos, mais de 800 páginas de acusações e pelo menos três mil páginas de alegações dos advogados de defesa.

Em março de 2018, no início do julgamento, a acusação anunciou que tinha chegado a um acordo com Nabil B., a principal testemunha contra Taghi e associados, em troca de uma redução da pena.

Hoje, Nabil B. foi condenado a dez anos de prisão.

Além disso, desde 2018, ocorreram três crimes que se suspeita estarem ligados ao “Caso Marengo”, embora estejam a ser julgados em processos separados, como o assassinato do jornalista de investigação holandês Peter de Vries, em 2021, que mantinha contactos com a testemunha principal, e os disparos que custaram em 2019 a vida ao advogado Derk Wiersum, que defendia Nabil B..

O irmão da testemunha foi também assassinado numa ação que pretendeu evitar declarações em julgamento.

As operações contra o crime organizado nos Países Baixos custaram a vida a dezenas de pessoas na última década, obrigando ao reforço da segurança no país.