A Organização Não-Governamental holandesa (ONG) Centro de Pesquisa sobre Empresas Multinacionais defendeu esta quarta-feira que a petrolífera Shell não devia poder vender os ativos na Nigéria sem ser responsabilizada pela poluição no rio Delta.
“De manhã, as crianças e as mulheres têm de viajar até longe para encontrarem água, por isso as crianças não vão, muitas vezes, à escola, ou chegam atrasadas, e a produtividade das nossas quintas é baixa, por isso exigimos que a Shell recupere a nossa terra e limpe a nossa água antes de qualquer desinvestimento”, disse a ativista Lezina Mgbar à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
A petrolífera britânica, acrescentou, “tem de ser responsabilizada pelo legado tóxico de poluição e garantir o desmantelamento seguro da infraesutrura petrolífera abandonada“, referindo-se à intenção da Shell de vender a operação na Nigéria por 2,4 mil milhões de dólares, cerca de 2,2 mil milhões de euros, a um consórcio local de empresas chamado Africa Energy Company.
A alienação pela Shell da sua atividade onshore (em terra) na Nigéria segue-se a decisões semelhantes de empresas petrolíferas como a ExxonMobil, a Eni, a Equinor e a Addax, que alienaram recentemente os ativos onshore nos últimos dois anos, segundo escreveu o jornal Financial Times em meados de janeiro.
“Este acordo representa um momento importante para a Shell na Nigéria, alinhando-se com a nossa intenção, anteriormente anunciada, de abandonar a produção de petróleo em terra no Delta do Níger, simplificando o nosso portfólio e concentrando o futuro investimento disciplinado na Nigéria nas nossas posições em águas profundas e gás integrado”, afirmou a diretora de Gás Integrado e Upstream da Shell, Zoë Yujnovich.
A responsável, citada no comunicado, afirmou que a empresa vai continuar a “apoiar as crescentes necessidades energéticas do país e as suas ambições de exportação em áreas alinhadas com a (…) estratégia”.
A Shell mantém presença no país africano com a Shell Nigeria Exploration and Production Company Limited (SNEPCo), que produz petróleo e gás nas águas profundas do Golfo da Guiné, a Shell Nigeria Gas Limited (SNG), que fornece gás a clientes domésticos, industriais e comerciais, e a Daystar Power Group, que fornece energia solar integrada a empresas comerciais e industriais em toda a África Ocidental.
Detém ainda uma participação de 25,6% na NLNG, que produz e exporta gás natural liquefeito.