Um novo governo liderado pelo PS, com Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro, “seria o mais esquerdista desde o gonçalvismo“, diz José Manuel Durão Barroso, num artigo de opinião publicado no jornal Sol. Para evitar esse cenário, acrescenta o ex-primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, “é preciso concentrar votos na AD” nas eleições legislativas de 10 de março.

“É essencial não desperdiçar os votos daqueles que querem a mudança em Portugal”, afirma Durão Barroso, lembrando que “por um voto se ganha e por um voto se perde“. No artigo de opinião publicado no semanário, o ex-primeiro-ministro faz um apelo ao voto útil ao centro e à direita, considerando essencial “concentrar os votos na AD, a única alternativa ao atual estado de coisas”.

Durão Barroso alerta para o risco de haver uma dispersão de votos: “seria grave que a maioria dos portugueses que claramente não apoiam o PS, que querem uma mudança em Portugal, descobrissem na noite de 10 de março que, por causa das divisões entre diversas alternativas e da dispersão de votos, se vissem condenados a mais do mesmo“.

“Portugal é hoje o país mais pobre da Europa ocidental e, a continuar a presente trajetória, será também em breve o mais pobre de toda a União Europeia, incluindo países da Europa Central e do Leste, tais como a Roménia e a Bulgária“, avisa o antigo presidente da Comissão Europeia, que considera que Pedro Nuno Santos seria o líder mais à esquerda desde Vasco Gonçalves.

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A leitura feita por Durão Barroso é que, “o atual Governo, apesar de se dizer socialista, tem desenvolvido uma política que, sendo estatista, é muito pouco social”, porque se “assiste a uma profunda degradação dos serviços públicos, nomeadamente da saúde e da educação” e, também, uma “generalizada crise da habitação, com custos sociais muito graves sobretudo para os mais jovens”.

O ex-líder do PSD salienta, também, que a formar governo, Pedro Nuno contaria provavelmente com o apoio de partidos mais à esquerda como o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português (PCP), partidos que, respetivamente, defendem “a saída de Portugal da NATO” e criticam “a criminosa e belicista política dos EUA” e é incapaz de criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia, diz Durão Barroso.

Nesse cenário, defendido pelos possíveis parceiros do PS, “a segurança nacional de Portugal ficaria sem quaisquer aliados, sem quaisquer garantias transatlânticas e mesmo sem qualquer solidariedade em termos de defesa europeia”.