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Oppenheimer foi o grande vencedor da cerimónia dos Óscares este domingo no Dolby Theatre, em Los Angeles, nos Estados Unidos da América. O filme de Christopher Nolan estava nomeado para 13 estatuetas e conseguiu sete: Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Ator Principal, Melhor Ator Secundário, Melhor Fotografia, Melhor Banda Sonora e Melhor Montagem.

Também Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, foi um dos consagrados na mais importante noite para o cinema, ao arrecadar quatro galardões: Melhor Maquilhagem e Cabelos, Melhor Design de Produção, Melhor Guarda Roupa e Melhor Atriz. Assassinos da Lua das Flores, o mais recente filme de Martin Scorsese, acabou por não conquistar qualquer prémio dos 10 para os quais competia e Maestro, de Bradley Cooper, foi outro dos que passou despercebido e que, pese embora as sete nomeações, saiu de mãos a abanar.

Numa cerimónia sem grandes surpresas, os prémios dos atores cumpriram à risca as previsões. Da’Vine Joy Randolph foi escolhida como Melhor Atriz Secundária e fez um dos mais emotivos discursos da noite. “Comecei como cantora. A minha mãe disse-me ‘há alguma coisa para ti’. Sempre quis ser diferente, mas agora percebo que só quero ser eu própria”, disse depois de vencer o Óscar pela prestação em Os Excluídos, de Alexander Payne. Menos sentimental foi Robert Downey Jr, que venceu o prémio de Melhor Ator Secundário por Oppenheimer, concedendo um discurso rápido em que agradeceu à sua “infância terrível” e à Academia, “por esta ordem”.

Nos atores principais, Cillian Murphy foi previsivelmente aclamado pela interpretação de J. Robert Oppenheimer. “Fizemos um filme sobre o homem que fez a bomba atómica. Para o bem e para o mal vivemos no mundo de Oppenheimer. Queria dedicar este prémio a todos aqueles que fazem a paz”, disse de forma sucinta. Menos certo era o prémio de Melhor Atriz Principal, que acabou por recair sobre Emma Stone, que se tornou a oitava atriz a ganhar dois Óscares aos 35 anos (o primeiro conseguiu-o com La La Land, em 2017). A atriz convenceu a Academia com a sua prestação em Pobres Criaturas. “Oh boy, isto é arrebatador”, disse a protagonista do filme de Yorgos Lanthimos ao receber o prémio. “Isto não é sobre mim, é sobre uma equipa que fez uma coisa maior do que a soma das partes. Obrigado, Yorgo, pelo presente de uma vida, com a Bella Baxter.”

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Emma Stone ganhou o segundo Óscar da sua carreira, depois de “La La Land”, em 2017

A cerimónia, em Portugal emitida na RTP2, foi apresentada pela quarta vez pelo humorista e apresentador Jimmy Kimmel, que não se esquivou do elefante na sala: a ausência de Barbie de categorias como Melhor Atriz Principal (Margot Robbie) ou Melhor Realização (Greta Gerwig). Kimmel não se poupou a piadas no monólogo inicial sobre o assunto e ao longo do evento, que se espraiou durante mais de três horas — com tempo para abordar as acusações de agressão sexual a Gérard Depardieu, a predileção de Robert de Niro por mulheres mais novas ou as críticas que Donald Trump dirigia em direto à cerimónia.

De resto, foi graças ao filme de Greta Gerwig que esta edição dos Óscares conseguiu as mais entusiasmantes interpretações musicais (veja-se Ryan Gosling, a interpretar o tema I’m Just Ken) e momentos de comic relief. O filme acabou por conquistar apenas um Óscar dos oito para os quais estava nomeado, o de Melhor Canção, com What Was I Made For, de Billie Eilish e Finneas. É, de resto, o segundo Óscar para a cantora de 22 anos, depois de No Time to Die, da saga de 007.

O filme que França não quis levar a Hollywood venceu

Anatomia de Uma Queda, o filme que França não quis levar aos Óscares na categoria de Melhor Filme Internacional, venceu o Óscar de Melhor Argumento Original. Justine Triet, que também realizou o filme, aceitou o prémio ao lado do marido, Arthur Harari. A cineasta francesa, agraciada com a Palma de Ouro de Cannes em Maio de 2023, agradeceu à Academia e graçejou esperar que a vitória fosse uma “ajuda para ultrapassar a crise de meia idade”.

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Justine Triet venceu o Óscar depois de ter conquistado a Palma de Ouro em Cannes no ano passado

Já o prémio para Melhor Argumento Adaptado foi entregue a American Fiction, filme que não se estreou em Portugal, e acabou discretamente na plataforma de streaming Prime Video. A adaptação do romance de Percival Everett Erasure é de Cord Jefferson e versa sobre os estereótipos associados a afro-americanos a partir do ponto de vista de um escritor. O realizador, estreante, pediu no seu discurso à indústria que em vez de fazer um filme de 200 milhões faça 10 filmes de 20 milhões.

E por falar em filmes megalómanos, o cineasta Wes Anderson ganhou o seu primeiro Óscar (depois de sete nomeações), sem contudo comparecer à cerimónia para receber em mãos a estatueta pela curta A Incrível História de Henry Sugar. A imprensa norte-americana avança que o realizador está na Alemanha a trabalhar no próximo filme.

Discursos políticos com as guerras em destaque

A cerimónia pautou-se pelo tom humorístico, mas houve espaço para momentos de crítica política. A começar na consagração sem surpresas de A Zona de Interesse, co-produção entre a Inglaterra, os EUA e a Polónia, sobre a figura de Rudolf Höss, o oficial alemão que foi comandante do campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. O filme venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e o realizador, Jonathan Glazer, foi o único a falar na guerra entre Israel e o Hamas, tema que tem ficado fora das cerimónias de prémios. “O nosso filme mostra até onde nos leva a desumanização”, disse Glazer em palco, lembrando para olharmos “para o que fazemos agora”, seja “nas vítimas do 7 de Outubro em Israel” ou “no ataque continuado a Gaza”. “Como resistimos?”, ousou perguntar. O filme ainda venceria a categoria de Melhor Som.

Christopher Nolan e os Óscares: duas décadas de história, entre exclusões, mudanças nas regras e o triunfo de “Oppenheimer”

O segundo momento político da cerimónia precipitou-se com primeiro Óscar na história da Ucrânia. O prémio para a Melhor Longa-metragem Documental recaiu sobre 20 Days in Mariupol, documentário sobre a última equipa de reportagem a sair da cidade ucraniana. Mstyslav Chernov, realizador, frisou o feito histórico, antes de tocar com o dedo na ferida: “Sou o único realizador aqui a dizer: quem me dera não ter feito este filme. Quem me dera poder trocar isto pela Rússia nunca ter invadido a Ucrânia e ter ocupado as nossas casas”, disse num discurso emotivo.

A guerra na Ucrânia voltaria a ser mencionada aquando do momento In Memoriam, com Alexei Navalny, opositor de Vladimir Putin, que morreu em fevereiro numa prisão russa, a surgir no grande ecrã.

A lista completa de vencedores de 96.ª edição dos Óscares:

Melhor Filme

Oppenheimer
Assassinos da Lua das Flores
Pobres Criaturas
Barbie
Os Excluídos
American Fiction
A Zona de Interesse
Anatomia de Uma Queda
Maestro
Vidas Passadas

Melhor Realização

Christopher Nolan – Oppenheimer
Martin Scorsese – Assassinos da Lua das Flores
Yorgos Lanthimos – Pobres Criaturas
Jonathan Glazer – A Zona de Interesse
Justine Triet – Anatomia de Uma Queda

Melhor Ator Principal

Cillian Murphy – Oppenheimer
Paul Giamatti – Os Excluídos
Bradley Cooper – Maestro
Jeffrey Wright – American Fiction
Colman Domingo – Rustin

Melhor Atriz Principal

Emma Stone – Pobres Criaturas
Lily Gladstone – Assassinos da Lua das Flores
Carey Mulligan – Maestro
Sandra Hüller – Anatomia de Uma Queda
Annette Benning – Nyad

Melhor Ator Secundário

Robert Downey Jr. – Oppenheimer
Ryan Gosling – Barbie
Robert De Niro – Assassinos da Lua das Flores
Mark Ruffalo – Pobres Criaturas
Sterling K. Brown – American Fiction

Melhor Atriz Secundária

Da’Vine Joy Randolph – Os Excluídos
Danielle Brooks – A Cor Púrpura
Emily Blunt – Oppenheimer
Jodie Foster – Nyad
America Ferrera – Barbie

Melhor Argumento Original 

Os Excluídos
Vidas Passadas
Anatomia de Uma Queda
May December: Segredos de um Escândalo
Maestro

Melhor Argumento Adaptado

Oppenheimer
Pobres Criaturas
American Fiction
Barbie
A Zona de Interesse

Melhor Filme de Animação 

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
O Rapaz e a Garça
Elemental
Nimona
Robot Dreams

Melhor Filme Internacional 

Dias Perfeitos (Japão)
Eu Capitão (Itália)
A Zona de Interesse (Reino Unido)
A Sociedade da Neve (Espanha)
A Sala de Professores (Alemanha)

Melhor Documentário — Longa-metragem 

To Kill a Tiger
La memoria infinita
20 Days in Mariupol
Les filles d’Olfa
Bobi Wine: The People’s President

Melhor Documentário – Curta-metragem 

The ABCs of Book Banning
The Last Repair Shop
The Barber of Little Rock
Nai Nai & Wài Pó
Island in Between

Melhor Curta-metragem 

The After
Knight of Fortune
A Incrível História de Henry Sugar
Invincible
Red, White and Blue

Melhor Curta-metragem de animação 

Letter to a Pig
Our Uniform
WAR IS OVER! Inspired by the Music of John and Yoko
Pachyderme
Ninety-Five Senses

Melhor Banda Sonora Original 

American Fiction
Assassinos da Lua das Flores
Oppenheimer
Indiana Jones e o Marcador do Destino
Pobres Criaturas

Melhor Canção Original

“What Was I Made For” – Billie Eillish e Finneas | Barbie
“I’m Just Ken” – Ryan Gosling | Barbie
“Wahzhazhe (A Song for My People)” – Músicos Tribais Osage | Assassinos da Lua das Flores
“The Fire Inside” – Diane Warren | Flamin’ Hot
“It Never Went Away” – Jon Batiste e Dan Wilson | American Symphony

Melhor Fotografia 

Oppenheimer
Assassinos da Lua das Flores
Pobres Criaturas
Maestro
El Conde

Melhor Montagem 

Oppenheimer
Assassinos da Lua das Flores
Pobres Criaturas
Os Excluídos
Anatomia de Uma Queda

Melhor Som

Oppenheimer
Maestro
A Zona de Interesse
Missão: Impossível – Ajuste de Contas Parte 1
O Criador

Melhor Design de Produção 

Barbie
Pobres Criaturas
Oppenheimer
Assassinos da Lua das Flores
Napoleão

Melhor Maquilhagem e Cabelos

Oppenheimer
Maestro
Pobres Criaturas
Golda
A Sociedade da Neve

Melhor Guarda-Roupa

Barbie
Pobres Criaturas
Assassinos da Lua das Flores
Napoleão
Oppenheimer

Melhores Efeitos Visuais

Guardiões da Galáxia Vol. 3
O Criador
Godzilla: Minus One
Napoleão
Missão: Impossível – Ajuste de Contas Parte 1