Oito câmaras, várias agências governamentais, empresas do setor, incluindo a ANA e a Ryanair, associações e organizações não governamentais, movimentos pró e contra localizações, organizações empresariais e partidárias e cerca de 30 particulares. Esta é uma síntese da lista das participações realizadas no quadro da consulta pública ao relatório preliminar da comissão técnica independente sobre a melhor solução aeroportuária de Lisboa.
A ausência mais notória nesta lista é a da TAP. Apesar do desenvolvimento de um hub continental na conetividade no Atlântico e em outras zonas ser uma das motivações estratégicas ponderada na avaliação da comissão de técnicos e de a TAP estar inquestionavelmente o centro desse hub, a companhia aérea não se pronunciou nesta consulta pública. Ao contrário, por exemplo, da Ryanair que veio manifestar a sua preferência pelo aeroporto do Montijo e apelar à urgência na decisão e na execução.
A concessionária ANA, uma das principais interessadas no processo, faz uma longa pronúncia. Também a NAV, empresa pública gestora do espaço aéreo, intervém nas questões de viabilidade para a operação aeronáutica.
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A importância da TAP e da sua estratégia futura pós reestruturação foi sempre um ponto de referência no trabalho da comissão técnica a ponto da sua coordenadora, Rosário Partidário, ter afirmado que a privatização da companhia e a escolha de um novo acionista poderia ter impacto nos planos de expansão aeroportuária (num cenário em que a Iberia do grupo AIG fosse selecionada).
Os constrangimentos da operação no aeroporto da Portela, que afetam em especial a TAP, foram ainda alvo de uma recomendação já divulgada pela comissão sobre intervenções urgentes a realizar no atual aeroporto para melhorar a resposta aeroportuária enquanto não há uma alternativa.
O processo de privatização da TAP, tal como a decisão política sobre o aeroporto estão em suspenso de qual será a solução governativa para o país. Nas notas finais do sumário executivo do relatório final, a CTI deixa algumas notas para os senhores que se seguem. E uma delas tem a ver com o hub intercontinental que já existe e com relevância para a conetividade de Portugal que deve ser alimentado. Para a CTI, o “hub é um ativo fundamental para a TAP e para o país, mas pode albergar outras companhias aéreas”.
Se não for dada a devida importância, a “autonomia de Portugal para definir uma estratégia de conectividade internacional ficará em risco, com consequências negativas para o aproveitamento das vantagens competitivas que advêm da sua centralidade Atlântica e, assim, para o desenvolvimento da sua economia”.