O líder da oposição do Senegal, Ousmane Sonko, e o candidato presidencial Bassirou Diomaye Faye foram libertados na quinta-feira da prisão, no âmbito de uma lei de amnistia para os detidos por atos políticos.
El Malick Ndiaye, porta-voz do Patriotas do Senegal, partido dissolvido pelas autoridades no ano passado, disse na rede social X que ambos os dirigentes tinham saído da prisão de Cap Manuel, na capital, Dacar.
Les Présidents Ousmane SONKO et Bassirou Diomaye Faye seront avec nous dans quelques minutes. Ils quittent cap manuel en ce moment. #diomayemooysonko
— El Malick NDIAYE (@elmaalignjaay) March 14, 2024
Automóveis e pessoas a agitar bandeiras senegalesas encheram a estrada de acesso à prisão, cantando “Nós amamos Sonko”, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).
Uma multidão reuniu-se também perto da casa de Sonko, de 49 anos, noutro bairro da capital, a poucos quilómetros de distância. Duas horas depois, Bassirou Diomaye Faye agradeceu “o apoio e a solidariedade” e anunciou a realização de uma conferência de imprensa esta sexta-feira.
Sonko estava detido desde julho, acusado de “apelos à insurreição e conspiração” contra o Estado, algo que o obrigou a retirar-se da campanha presidencial, tendo Diomaye Faye sido apresentado como o ‘plano B’ e aceite.
Isto apesar de Diomaye Faye estar detido desde abril de 2023, acusado de desacato ao tribunal, difamação e atos suscetíveis de comprometer a paz pública, após ter criticado os juízes que condenaram Sonko.
O Presidente do Senegal, Macky Sall, promulgou em 6 de março a lei de amnistia aos detidos por atos políticos ocorridos desde 2021 e 2024, no meio de uma crise política.
Os senegaleses deveriam ter ido às urnas em 25 de fevereiro, mas em 3 de fevereiro, mesmo antes do início da campanha, Macky Sall adiou a votação por 10 meses. A decisão originou manifestações que fizeram quatro mortos e um confronto entre o chefe de Estado, a Assembleia Nacional e o Conselho Constitucional. Macky Sall acabou por recuar e marcar as eleições para 24 de março.
Centenas manifestam-se na capital do Senegal para pedir eleições presidenciais
A batalha das últimas semanas pôs à prova o apego do país à democracia, que tem sido fustigada por uma sucessão de golpes de Estado noutros pontos da região.
A campanha foi reduzida, por força das circunstâncias, de três para duas semanas e a maior parte dela decorre durante o Ramadão, o mês sagrado de jejum muçulmano.
Esta é a primeira vez no Senegal que o Presidente cessante não concorre à reeleição. Macky Sall apoiou o até agora primeiro-ministro, Amadou Ba. Mas Amadou Ba vai herdar temas difíceis, consequências da pandemia de covid-19, da guerra na Ucrânia e da partida em embarcações precárias de dezenas de milhares de senegaleses em direção à Europa.
O discurso de Ousmane Sonko contra as elites, as multinacionais e aquilo que considera ser o estrangulamento do país por França tem tido eco junto de uma parte da população, que é muito jovem.
O ex-presidente da câmara de Dacar Khalifa Sall e o antigo primeiro-ministro Idrissa Seck estão também entre os 19 candidatos.