As autoridades italianas decidiram apresar durante 20 dias o navio dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), “Geo Barents”, que se encontra no porto de Carrara, depois de ter resgatado 249 migrantes.

O tribunal alegou que a organização impediu atividades da Guarda Costeira líbia, quando esta resgatava uma embarcação precária.

Esta nova decisão judicial ocorre após o Tribunal Civil de Crotone (Calábria, sul de Itália) ter levantado o bloqueio administrativo ao navio da organização não-governamental (ONG) SOS Humanidade, que estava ancorado há duas semanas.

O governo italiano, de extrema-direita, liderado por Giorgia Meloni, dificultou o envolvimento das organizações não-governamentais, obrigando-as a efetuar um único salvamento, enviando-as para portos muito distantes ou apresando navios até 60 dias se não seguirem as instruções, entre outras medidas.

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O navio dos MSF é o terceiro navio atualmente bloqueado pela Itália, uma vez que o “Sea Watch 5” e o “Sea Eye 3” também estão ancorados por ordem judicial. “O Geo Barents foi colocado sob detenção administrativa, é a vigésima vez que um navio de uma ONG é detido”, denunciou Fulvia Conte, diretora da MS Rescue.

“A acusação é de que não ajudámos a Guarda Costeira da Líbia no dia 16 de março, que, de facto, efetuou manobras que puseram em perigo a vida das pessoas. Um episódio que já tínhamos denunciado”, relataram os MSF nas redes sociais. A ONG vai recorrer que vai apresentar um recurso judicial.

“Enquanto estávamos a resgatar 146 pessoas, um patrulha da Guarda Costeira da Líbia doado pela Itália há um ano bloqueou as operações de resgate, colocando em perigo as pessoas na embarcação e ameaçando o pessoal dos MSF. A Guarda Costeira da Líbia, financiada pela Itália e pela União Europeia, está a pôr em perigo a vida das pessoas no mar e a tentar impedir as operações de salvamento”, acrescentou.

Os MSF denunciam que há “um recrudescimento dos ataques contra as ONG de salvamento que, ao contrário dos Estados, tentam assegurar a vida das pessoas no mar e tentam assegurar as missões de busca e salvamento, além de testemunharem a violação constante e deliberada do direito internacional e dos tratados que a Itália assinou”.