Sob o mote da celebração da liberdade, no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril, o Festival Dias Da Dança (DDD) reunirá artistas e companhias — nove com estreias absolutas e 13 estreias nacionais — em 17 palcos, num total de 44 apresentações, incluindo artistas como Catarina Miranda, Jeremy Nedd, La Chachi, Radouan Mriziga e Kate McIntosh.

Ao longo de 13 dias, os 17 palcos das três cidades acolherão instalações-performances e peças com influências de várias danças, desde o flamenco ao ‘milly rock’, alguns dos novos formatos, segundo a programação completa divulgada.

Nesta 8.ª edição, o DDD arranca dia 23 de abril com “Remachine”, do coreógrafo sueco Jefta van Dinther, peça que explora a interação entre os humanos e um ambiente híper-mecanizado, numa nova colaboração com a compositora Anna von Hausswolff, e encerra, dia 05 de maio, com “Exotica”, da artista chilena Amanda Piña.

“Na certeza de que há sempre um antes e um depois, esta edição parte da voz, das vozes, para testar outras formas de estar em palco, de vivenciar a dança em vários espaços e formatos. Redefinimos limites do que a dança pode ser, reformatando como ela pode ser experienciada. Reescrevemos narrativas, desentranhando como elas podem, e por quem, ser partilhadas”, afirmam os codiretores artísticos Cristina Planas Leitão e Drew Klein, citados num comunicado.

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Para assinalar o 50.º aniversário do 25 de Abril, o festival junta-se à efeméride “para celebrar a liberdade” coproduzindo novas criações, nacionais e internacionais, dando destaque à comunidade artística que vive em Portugal, resultando na estreia do trabalho de nove criadores e coreógrafos.

Os artistas irão apresentar-se em 17 palcos distribuídos pelo Porto (Rivoli, Campo Alegre, Campus Paulo Cunha e Silva, Serralves, Coliseu, Palácio do Bolhão, Circolando — Central Elétrica, Praça da Alegria, Praça D. João I, Clube dos Fenianos Portuenses, Rua Escura, Pérola Negra), por Matosinhos (Casa da Arquitetura, Teatro Municipal Constantino Nery, passeio da Praia de Matosinhos) e Gaia (Auditório Municipal, Varais da Afurada).

Em dose dupla no DDD, Jefta van Dinther estreia “Dark Field Analysis”, no Auditório de Serralves, a 27 de abril, uma peça que invoca “a intensidade de estar vivo, relacionando os humanos com outras formas de vida”.

Ainda no dia 23, às 19:30, Alice Ripoll apresenta “Zona Franca”, no Palácio do Bolhão, um trabalho de pesquisa sobre a relação das danças urbanas e populares do Brasil com uma encenação contemporânea sobre a expressão através dessas danças.

Artista convidada em 2024, Wura Moraes estreia “Henda I Xala — Saudade que fica” dia 26, no Teatro Campo Alegre, uma peça em que a dança se apresenta como uma plataforma de expressão primordial, e a ligação da coreógrafa com o pai, Mário Calixto (1960-1996), dançarino e coreógrafo.

No Auditório Municipal de Gaia, Luísa Saraiva revela “Bocarra”, uma peça sobre a mecânica do corpo em movimento como instrumento sonoro, partindo do repertório de canto polifónico feminino da Península Ibérica sobre sentimentos de amargura e violência.

No primeiro fim de semana do DDD, a coreógrafa Diana Niepce apresenta, no Palácio do Bolhão, “Utopia”, dia 27, uma performance “sustentada entre a transgressão e a opressão dos limites físicos”.

Ao longo de quatro horas, a bailarina e coreógrafa procura “homenagear os corpos por aquilo que são, através da sua própria história e saber”.

Este trabalho de Diana Niepce terá estreia antes, em Lisboa, no Teatro do Bairro Alto, entre os dias 03 e 7 de abril.

Também de regresso ao Porto, Jan Martens com “Voice Noise” dia 29, no Rivoli, a partir do ensaio de Anne Carson “The Gender of Sound” (1992), no qual é exposta a forma como a cultura patriarcal procurou silenciar as mulheres.

O coreógrafo trabalha com seis intérpretes — vozes femininas inovadoras, consideradas desconhecidas e/ou esquecidas dos últimos cem anos da história da música.

No Teatro Campo Alegre, Catarina Miranda mostra “??SUMO?I”, dia 30, a partir da peça de teatro japonesa “Atsumori”, escrita por Zeami Motokiyo no século XV, e apresenta um espetáculo ancorado no movimento, na luz e no som, onde se cruzam espetros e memórias, passado e presente, técnicas ancestrais e linguagens futuristas.

Também no dia 30, o Espaço Álvaro Siza Vieira na Casa da Arquitetura acolhe “Lybia”, de Radouan Mriziga, onde o coreógrafo marroquino, estabelecido em Bruxelas, procura desafiar a visão redutora do tempo, descreve a organização.

A 04 de maio, Inês Campos apresenta “fio ^” no auditório de Serralves, “uma viagem íntima que se debruça sobre as narrativas e os diálogos internos e se interroga sobre como é moldada a forma de ler a vida”.

No Coliseu do Porto estreia-se “tReta, uma invasão performática” do coletivo brasileiro Original Bomber Crew, organização de práticas e pesquisa em hip-hop no território semiárido brasileiro, referência em formação e criação em dança de rua, performances e batalhas.

No dia 03 de maio, o Teatro Municipal Constantino Nery recebe, em estreia nacional, “Los inescalables alpes, buscando a Currito”, de María del Mar Suárez aka La Chachi.

No Rivoli, a artista neozelandesa Kate McIntosh, apresenta, dia 04, “Lake Life”, descrita como “um jogo, um puzzle e uma celebração onde se entra com dois pés e talvez se saia com três: O jogo é transformação, imaginária e real, e o público é convidado a participar”.

A fechar a 8.ª edição do DDD, Amanda Piña apresentará “Exotica”, no Campo Alegre, um trabalho em que a artista chilena, mexicana e austríaca identifica o legado de artistas racializados a atuar nos palcos europeus e aquilo a que se refere como “‘a brown history’ da dança europeia”.