Um novo posto de controlo fronteiriço de Portsmouth, em Inglaterra, um dos 41 construídos com o objetivo de controlar as importações de alimentos e plantas da União Europeia depois do Brexit, poderá ter de ser demolido, noticiou esta sexta-feira a Sky News. Devido às alterações no protocolo fronteiriço, a infraestrutura, que representou um investimento de cerca de 28 milhões de euros (24 milhões de libras), deverá processar apenas quatro ou cinco camiões em vez dos 80 previstos quando foi decidida a construção. Os regulamentos entrarão em vigor em abril.

Metade do Porto Internacional de Portsmouth, um investimento da Câmara Municipal de Portsmouth e do governo britânico, ficará inativo. Não serão utilizados metade dos 14 cais de carga, onde se prevê que passem apenas quatro ou cinco camiões em vez de 80 como estava inicialmente previsto, fluxo que não chega para cobrir os cerca de 930 mil euros de custos anuais de funcionamento. Este é um problema que vários portos da Inglaterra enfrentam. Com o Brexit, o Ministério do Ambiente, da Alimentação e dos Assuntos Rurais do Reino Unido determinou a construção de 41 novos postos para gerirem os controlos fronteiriços. O governo vem agora reconhecer que são necessários menos.

A solução em cima da mesa no porto de Portsmouth, segundo a Sky News, será a construção de uma nova instalação, mais pequena, e o desmantelamento ou mesmo a demolição do edifício existente, para conseguir espaço que seja possível rentabilizar comercialmente. O objetivo é “procurar encontrar formas comerciais de obter receitas” com a instalação, que esteve parada durante dois anos depois do modelo de funcionamento da fronteira pós-Brexit ter sido anunciado, afirma Mike Sellers, diretor do Porto Internacional de Portsmouth e presidente da Associação Britânica de Portos ao mesmo jornal.

Portsmouth, onde se faz a inspeção da mercadoria, é a principal alternativa ao porto de Dover. “Se não tivermos meios para manter o pessoal da saúde portuária diariamente, todos os dias, para fazer esses exames [de qualidade], então tudo terá de passar por Dover, o que é extremamente arriscado para o país. Se Dover for encerrada por qualquer razão, então os alimentos de todo o país ficam em risco”, diz Gerald Vernon-Jones, responsável pelos transportes do município.

Desde 1 de janeiro de 2021, aquando do início do acordo do Brexit, a UE faz controlos fronteiriços e aduaneiros ao Reino Unido, mas o Governo britânico adiou já por cinco vezes o estabelecimento de controlos semelhantes às importações da UE, e tem alterado o regime. Os entraves apresentados pelo governo foram vários: nesse ano invocou o impacto na cadeia de abastecimento alimentar e a crise do custo de vida, em 2022 limitou os controlos a determinadas categorias de alimentos e plantas e posteriormente passou a exigir certificados sanitários e controlos físicos a serem assinados por veterinários ou inspetores fitossanitários, regulação que será aplicada no final do próximo mês.

Texto editado por Alexandra Machado

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