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BE e PCP concordaram esta segunda-feira em tentar travar o processo de revisão de constitucional e em pedir o reconhecimento do Estado da Palestina, após uma reunião na qual prometeram manter uma “porta de diálogo aberta” na oposição à direita.

Dirigentes do BE e PCP estiveram esta segunda-feira reunidos durante cerca de uma hora na sede nacional do PCP, em Lisboa, no âmbito da ronda de reuniões pedidas pelos bloquistas aos partidos de esquerda e ecologistas para debater convergências na oposição à direita.

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No final da reunião, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, anunciou que os dois partidos tinham chegado a acordo “para que se trave e se encerre definitivamente o processo de revisão constitucional“. “Não faz qualquer sentido que se mantenha este processo de revisão constitucional neste cenário com uma maioria de deputados à direita, nada de bom sairia de um processo de revisão constitucional nestas condições”, disse, manifestando o desejo de que esse entendimento “possa ser alargado a todos os partidos da oposição”.

A líder do BE salientou ainda que, na reunião — que destacou ter sido a sua primeira com Paulo Raimundo enquanto secretário-geral do PCP —, houve também “uma enorme convergência relativamente à questão da Palestina“. “Queremos que seja [uma questão] central, perante o massacre e o genocídio e a necessidade de afirmar a autodeterminação e o reconhecimento do Estado da Palestina, coisa que não foi feita ainda em Portugal pelo Estado português”, disse.

A par destas duas questões, Mariana Mortágua sublinhou que os dois partidos convergiram na necessidade de rejeitar o programa da direita e de fazer “uma oposição forte” ao Governo da AD. No entanto, não se comprometeu a aprovar a moção de rejeição anunciada pelo PCP, salientando que o BE reserva a sua avaliação após a leitura do documento.

A líder do BE referiu ainda que os dois partidos fazem “diagnósticos comuns” e convergem em temas “muito importantes, que vão dos direitos laborais e o trabalho à habitação”, comprometendo-se a manter “pontes de diálogo abertas e capacidade de diálogo para enfrentar estes tempos que se avizinham”.

“E também para ter uma grande mobilização no dia 25 de Abril e no 1.º de Maio. Serão os primeiros momentos de mobilização popular e de resposta aos resultados eleitorais e também ao Governo da direita”, frisou.

Por sua vez, o líder do PCP, Paulo Raimundo, referiu que, durante a reunião, o seu partido convergiu com o BE “em aspetos da análise de resultados” e também no facto de que se está agora perante “uma situação muito exigente”, em parte provocada pelo Governo do PS, e à qual um executivo de direita não irá dar resposta.

“Todos os problemas que existiam no dia 9 de março aí estão todos: o problema dos salários, das reformas, da habitação, do SNS, da resposta aos direitos dos pais e das crianças. Tudo isso estava e está aí para dar resposta e não temos nenhuma ilusão de que essa resposta não virá pelas mãos de um Governo PSD/CDS”, afirmou.

Para o secretário-geral do PCP, desse executivo “só virá mais desmantelamento dos serviços públicos, mais ataque ao regime democrático, aos salários, independentemente desta ou daquela medida pontual que se possa agora, nesta entrada em pezinhos de lã, tentar iludir”. “O que dissemos é que, da nossa parte, os trabalhadores, o povo, todos podem contar com a primeira linha de combate a esta política e objetivos, e utilizando todos os meios e instrumentos que estão ao nosso dispor, quer no plano institucional, quer fora das instituições”, afirmou, prometendo contestação nas ruas.