Um primeiro lançamento de novo Empréstimo Obrigacionista maioritariamente para pagar o anterior que estava prestes a vencer, um aumento do valor inicial de 30 para 50 milhões de euros, o anúncio formal de que os objetivos foram cumpridos. Se existe um mecanismo de financiamento “previsível” dentro do universo das sociedades de futebol portuguesas, este é um exemplo paradigmático de como manter uma espécie de reserva em aberto mesmo com taxa de juro alta para o que se pratica (5,75%, acima da anterior).

Sporting SAD apresenta lucro recorde de 58,3 milhões no primeiro semestre e tem capitais próprios mais elevados de sempre

Depois, passando da previsibilidade para a lógica, o caso do Sporting conferia ainda mais garantias tendo conta o que se passou nas emissões anteriores. O core business do negócio, que é sempre o futebol, atravessa uma fase positiva não só a nível de resultados mas também, ou sobretudo, a nível de valorização de ativos. A situação financeira, à luz daquilo que foi o fecho da reestruturação financeira com o acordo fechado com o Novo Banco para a recompra dos VMOC, está diferente para melhor do que era. Até indicadores que podem aparentar ser secundários, como o volume de negócios da SAD, o número de associados pagantes do clube e bilhética, ganharam uma luz verde mais acentuada. Agora, faltava apenas conhecer o desfecho final.

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A Euronext Lisbon recebia esta segunda-feira uma sessão especial de apresentação de resultados da Oferta Pública de subscrição das Sporting SAD 2024-207, com a presença de todos os elementos da sociedade verde e branca incluindo o presidente Frederico Varandas. E todos os pressupostos foram cumpridos: a procura válida total foi de 66.435.765 milhões de euros para uma oferta de 50 milhões (um total de 1,33 vezes mais de procura em relação à oferta) e houve um total de 4.242 investidores, sendo que cerca de 50% desses 50 milhões foram objeto de Oferta de Troca para quem tinha obrigações relativas à Sporting SAD 2021-2024. Entre os vários agradecimentos às entidades que fizeram a operação e aos departamentos internos dos leões, Francisco Salgado Zenha, administrador da SAD, recordou a evolução da procura entre 2018 e 2024, dando um particular ênfase ao facto de haver um número recorde de investidores nas operações verde e brancas.

De recordar, como termo de comparação, que a procura das emissões de 2018-2021 não chegou aos 30 milhões que estavam a oferta, ficando pelos 26,7 milhões de euros numa altura particularmente atribulada em termos institucionais no clube com a invasão da Academia em Alcochete, a destituição de Bruno de Carvalho de presidente do Sporting, a entrada de uma Comissão de Gestão e as eleições de setembro que deram a vitória a Frederico Varandas mesmo tendo um número menor de votantes no universo leonino. Já as emissões anteriores, de 2021-2024, que vencem este ano em novembro, originaram uma procura de 53 milhões de euros para uma oferta de 40 milhões, com um total de 3.336 investidores.

Empréstimo obrigacionista do Sporting foi subscrito na totalidade, com procura maior do que a oferta

“Um bocadinho como no futebol, não é por darmos uma goleada que ganhámos o Campeonato. As SAD são empresas, têm investidores. Posso contar uma boa história mas se não houver confiança, não resulta. A nossa estratégia passa por aumentar o leque de opções e o mercado financeiro é mais um meio. Neste momento não está definido o que pode acontecer nos próximos anos, o que fizemos com o aumento foi a mensagem que queríamos passar: ter uma gestão de tesouraria mais prudente, conservadora e termos essas almofadas de liquidez, tendo mais conforto na atividade corrente e maior capacidade de gestão do mercado de transferências por exemplo”, explicou depois Salgado Zenha nas perguntas e respostas.

Empréstimo obrigacionista do Sporting vai ser “caso de estudo”

“Aquilo que as recentes operações permitiram foi olhar de outra maneira para a possibilidade de entrada de um acionista minoritário. Hoje, a Sporting SAD e o Sporting clube, que é o maior acionista, tem uma maior capacidade no mercado de ações. Não está nada definido. Passaram três meses desde o acordo com o Novo Banco e o fecho da reestruturação, estivemos sempre a trabalhar neste Empréstimo Obrigacionista. Nunca iríamos pensar em nada disso sequer enquanto não recuperássemos todos os VMOC, isso era garantido. Passaríamos uma mensagem errada para o mercado. Concluímos o que achávamos que era o fundamental, recuperar os VMOC que tínhamos”, referiu depois o administrador da SAD, que ao longo de sete/oito perguntas falou por variadas ocasiões sobre o maior conforto para abordar o mercado de verão.

“Temos vindo a criar cada vez mais condições e foi visível esta época que acabámos por ter muito poder negocial e de gestão dos nossos timings. Estamos a solidificar essa posição e podemos abordar esses períodos com ainda mais força do que fazíamos antes. Temos vindo a antecipar a execução dos orçamentos e para criar essas condições, para termos uma folga diferente”, concluiu Salgado Zenha.