A plataforma que junta estruturas da PSP e GNR defendeu esta quinta-feira que a nova ministra da Administração Interna tem de resolver urgentemente a atribuição do suplemento de missão aos polícias, considerando que assume a pasta num “momento extremamente difícil”.
“É do interesse de todos os polícias, de Portugal e dos portugueses que resolva a questão que está em cima da mesa e que tem sido amplamente debatida [suplemento de missão], mas também toda uma série de outras falências graves que têm vindo a retirar dignidade às carreiras nas forças de segurança”, disse à Lusa o porta-voz da plataforma que reúne 11 sindicatos da PSP e associações da GNR.
Bruno Pereira sustentou que a nova ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, “não tem aparentemente grande experiência na área da governação”, tendo passado por áreas “de intervenção manifestamente diferentes” da segurança interna, apesar de ter já assumido cargos como Inspetora-Geral da Administração Interna e diretora dos serviços de informações.
“Mais do que a própria ministra será extremamente relevante e importante a equipa de trabalho, as pessoas que vão trabalhar na assessoria, nas secretarias de Estado, que espero que sejam pessoas que tenham envolvimento experiencial mais profundo”, afirmou o também presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, manifestando-se à disposição de colaborar Margarida Blasco.
Bruno Pereira considerou também que “mais do que a experiência” é importante “a forma como se vai envolver no cargo”, que é neste momento uma pasta “extremamente difícil”.
O porta-voz da plataforma sugeriu a Margarida Blasco que deixe “um legado que reflita um virar de página e uma mudança no paradigma”, o que não aconteceu com a governação de José Luís Carneiro.
O presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP sublinhou ser urgente a atribuição de um suplemento de missão idêntico ao da PJ, mas este subsídio “será muito pouco para assegurar uma viragem de paradigma que volte a robustecer e a dar dignidade” às forças de segurança.
Bruno Pereira disse ainda esperar que esta ministra consiga “criar atratividade” na profissão, “criar uma polícia mais sofisticada, mais capaz e menos dispendiosa”.
A juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça e ex-inspetora-geral da Administração Interna (IGAI) Margarida Blasco foi a escolha de Luís Montenegro para a pasta da Administração Interna.
Depois de ter sido a primeira mulher à frente do Serviço de Informação de Segurança (SIS) e da IGAI, organismo que fiscaliza a atividade das polícias, Margarida Blasco chega ao Ministério da Administração Interna (MAI) numa altura de grande contestação dos elementos da PSP e da GNR, que exigem um suplemento de missão idêntico ao atribuído aos inspetores da PJ.
O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado na sexta-feira. O debate do programa de Governo está marcado para 11 e 12 de abril.