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O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, pediu esta quarta-feira em Tallinn mais sistemas de mísseis antiaéreos para defender cidades e infraestruturas, munições de artilharia e o regresso dos ucranianos no estrangeiro para servir no Exército ou pagar impostos.

Na capital estónia, Shmihal também afirmou que Kiev espera iniciar as negociações de adesão à União Europeia (UE) “nos próximos meses” e expressou a expectativa de que a Ucrânia seja convidada para integrar a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) na próxima cimeira, que se realizará em Washington entre 9 e 11 de julho.

O chefe do governo ucraniano sublinhou que o seu país “fez os trabalhos de casa” para aderir à Aliança Atlântica e que o seu Exército “combate atualmente segundo os padrões da NATO, com armas da NATO”.

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Numa conferência de imprensa conjunta com Shmihal, a primeira-ministra estónia, Kaja Kallas, indicou que o seu país apoia totalmente a adesão da Ucrânia à UE e à NATO, mas ressalvou que a entrada na Aliança Atlântica pressupõe o apoio de todos os Estados-membros.

Kallas recordou que a Estónia forneceu já cerca de 100 milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia este ano e sublinhou que uma vitória ucraniana é “essencial para a segurança da Europa”.

Segundo Shmihal, o país báltico já concedeu um total de 529 milhões de euros de ajuda ao seu país.

Quanto a outros tipos de apoio militar, o primeiro-ministro ucraniano afirmou que a Ucrânia acolheria de bom grado que outros países enviassem instrutores para treinar os seus soldados em solo ucraniano, o que também permitiria a Kiev partilhar a sua experiência com os formadores dessas nações amigas.

Questionado sobre a ausência de êxito da contraofensiva ucraniana do ano passado, Shmihal disse que a Ucrânia teve de esperar seis meses para receber as munições e o equipamento militar necessários, o que deu tempo à Rússia para se preparar.

“Não vamos falar abertamente sobre a nossa estratégia”, declarou, acrescentando que o envio de ajuda militar por parte da República Checa, previsto para este mês, permitirá à Ucrânia “estabilizar a frente” de batalha.

Sobre a necessidade de efetivos militares, o primeiro-ministro instou os ucranianos que se encontram no estrangeiro a regressar para se juntarem ao Exército ou para trabalharem na Ucrânia para pagarem impostos e enumerou uma série de programas existentes para lançar novos negócios ou reparar casas destruídas pela guerra.

Após reunir-se esta quarta-feira na Estónia com Kallas e com o Presidente, Alar Karis, está previsto que o primeiro-ministro ucraniano se desloque na quinta-feira à Letónia, onde se avistará com a homóloga, Evika Silina, e com o Presidente letão, Edgars Rinkevics.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.