A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida, Tuberculose e Malária (ANASO) disse esta terça-feira que a situação da saúde comunitária em Angola “está difícil e complicada”, sendo agravada pela pobreza, falta de acesso a água potável e analfabetismo.

Infelizmente, a situação da saúde comunitária em Angola está difícil e complicada, sobretudo porque o engajamento das comunidades não é valorizado e o investimento financeiro para a implementação das ações comunitárias é muito limitado. Estes dois cenários estão a comprometer os esforços para uma saúde comunitária resiliente e sustentável”, afirmou o presidente da ANASO, organização não-governamental, António Coelho.

O responsável, que falava na abertura de um workshop sobre a “Gestão da Resposta Comunitária sobre Sida, Tuberculose e Malária em Angola”, apontou para as determinantes sociais da saúde, nomeadamente a pobreza, acesso a água potável e a taxa de analfabetismo como fatores que concorrem para o agravar de doenças no país.

De acordo com António Coelho, o perfil epidemiológico de Angola “ainda é dominado por doenças transmissíveis”, apontando para a necessidade de se perceber que a saúde “não é apenas a ausência de doença, mas também o bem-estar”.

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António Coelho defendeu que se trabalhe “na resposta hospitalizada, criando mais hospitais e formando mais técnicos de saúde”, mas, sobretudo, que se comece “a apostar na saúde preventiva, fundamentalmente através de ações de informação e educação para a mudança de comportamento”.

Temos de criar condições para reduzir o fardo hospitalar e apostar mais nas intervenções de alto impacto com o foco na prevenção da doença”, observou.

O presidente da ANASO apresentou o atual quadro das três doenças no país, salientando que Angola é um país de alta transmissão da malária (principal causa de mortes no país), que representa “cerca de 29% das causas da procura de cuidados de saúde”.

A tuberculose apresenta uma morbilidade relativamente alta, “com uma taxa de incidência de 200,6 por 100 mil habitantes e Angola é um dos países mais afetados do mundo”, referiu.

Em relação ao VIH/Sida, o líder associativo deu conta que a prevalência de 2,2% é das mais baixas da região, considerando, no entanto, que na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Angola “é o país que regista mais novas infeções, fundamentalmente em crianças dos zero aos 14 anos”.

Destacou também a importância do workshop, que decorre até quinta-feira, em Luanda, sublinhando que o encontro, que conta com o apoio do Fundo Global, visa contribuir para a gestão da resposta comunitária a nível destas três doenças, tendo como base a análise dos contextos, a identificação dos desafios, o estabelecimento de estratégias, o reforço de parcerias e a definição de um roteiro.

António Coelho assinalou que o encontro decorre numa altura em que o país está a trabalhar numa proposta de política nacional e de um plano estratégico nacional sobre saúde comunitária, “instrumentos que vão regular as ações da saúde comunitária em Angola e no qual as organizações da sociedade civil fazem questão de contribuir na sua elaboração”.