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Paulo Carneiro está na Quinzena dos Cineastas de Cannes

Este artigo tem mais de 6 meses

O cineasta português leva à secção paralela do festival , a sua terceira longa-metragem, um "filme-arma" rodado na aldeia de Covas do Barroso, em Boticas.

"A Savana e a Montanha" é a terceira longa-metragem do realizador e foi filmada em Covas do Barroso, em Boticas
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"A Savana e a Montanha" é a terceira longa-metragem do realizador e foi filmada em Covas do Barroso, em Boticas

"A Savana e a Montanha" é a terceira longa-metragem do realizador e foi filmada em Covas do Barroso, em Boticas

mais um filme português no programa da 77.ª edição do Festival de Cannes. Trata-se da nova longa-metragem de Paulo Carneiro, A Savana e a Montanha, selecionada para a prestigiada secção paralela do festival, a Quinzena dos Cineastas, que decorre de 15 a 23 de maio, em Cannes, França, anunciou esta terça-feira Julien Rejl, diretor artístico da Quinzaine.

É o terceiro filme do realizador português, que sucede a Bostofrio (2018) e Via Norte (2024). A Savana e a Montanha, longa-metragem de Paulo Carneiro, passa-se na aldeia de Covas do Barroso, em Boticas, distrito de Vila Real. “É uma coboyada em Trás-os-Montes contra aquela que eles dizem vir a ser a maior mina de lítio da Europa. Numa região que é património mundial agrícola pelas Nações Unidas. É um filme que acompanha a luta das pessoas dali de Covas do Barroso contra a instalação de uma empresa de mineração multinacional”, contava o cineasta ao Observador em janeiro.

O “filme de cowboys” é produzido pela BAM BAM Cinema, em Portugal e foi co-produzido pelo Uruguai, através da La Pobladora Cine de Alex Piperno e é distribuído internacionalmente pela Portugal Film — Agência Internacional de Cinema Português e nacionalmente pela No Comboio.

“Acho que um filme pode ter o poder de conseguir chamar mais a atenção para aquele lugar. É uma coisa fixe que o cinema nos dá”, explicava ao Observador. “Se o cinema tiver força, podemo-nos servir da palavra para atingir. São balas. Temos voz. A Savana e a Montanha é um filme, é um filme-arma, mas não chega. O objetivo é conseguir fazer um cinema que interesse às pessoas, àquelas pessoas que filmamos, mas que tenha um olhar próprio e que assim se destaque. Fazer uma coisa que seja que só sirva como arma, a mim não me interessa muito”, dizia.

Paulo Carneiro não fez um filme sobre carros, fez um filme sobre emigrantes: “Se o cinema tiver força, podemo-nos servir da palavra”

Covas do Barroso é uma aldeia vizinha de Bostofrio, onde nasceu o pai do cineasta. “Esta proximidade geográfica e afetiva levou a que, desde 2018, me mantivesse atento às notícias acerca de negócios pouco claros com vista ao eventual desenvolvimento de uma exploração mineira na região, por parte da Savannah Resources”, justifica Paulo Carneiro em comunicado enviado às redações esta terça-feira. “Foi sobretudo pelo povo e pelas atividades ancestrais que florescem em Covas do Barroso que decidi juntar-me à luta pela defesa deste modo de vida. O cinema tem uma responsabilidade de envolvimento a que não posso fugir. Nos meus filmes, procuro estar ao lado das pessoas, sem me reger por políticas económicas ou especulatórias de quem não conhece ou vive o território”, finaliza.

O filme ainda não tem data de estreia em Portugal.

A presença portuguesa na Quinzaine des Cinéastes fica completa com duas curta-metragens: Quando a terra foge, realizada por Frederico Lobo e coproduzida pela Terratreme Filmes e pela Rua Escura Filmes, e O jardim em movimento, da realizadora e artista visual Inês Lima.

Na última semana, foi conhecido que no Festival de Cinema de Cannes, que decorrerá naquela mesma semana de maio — entre os dias 14 e 25 – está o filme Grand Tour, de Miguel Gomes, numa estreia deste realizador na competição oficial, interrompendo um silêncio de 18 anos de cinema português na competição pela Palma de Ouro.

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