A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) defendeu esta quarta-feira que o atual Governo devia acabar com a Agência para a Gestão integrada de Fogos Rurais (AGIF), considerando que o modelo que esta estrutura defende para o país não se aplica ao tipo de floresta portuguesa.

“Sobre a AGIF só digo o seguinte: acho que é um órgão a mais”, disse aos jornalista o presidente da LBP, António Nunes, no final da cerimónia que assinalou os 120 anos da fundação da Federação dos Bombeiros Portugueses, que mais tarde deu origem à LBP.

Questionado se o atual Governo devia extinguir a AGIF, António Nunes respondeu: “completamente”.

“Na opinião da Liga dos Bombeiros Portugueses, quando discutimos o assunto, achámos que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) com o seu presidente tem uma visão bastante aberta sobre a temática da prevenção e do planeamento, o que seria suficiente. Não foi assim no passado, vamos ver. É uma decisão governamental”, afirmou, ressalvando que a LBP respeita “todas as entidades”.

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No entanto, frisou que a AGIF tem com a LBP “uma relação um bocadinho distante”, considerando que esta agência criada pelo anterior Governo socialista após os incêndios de 2017 tem um modelo baseado no combate aos incêndios dos Estados Unidos, Canadá e Chile, que a Liga rejeita.

“Não pode haver bombeiros da floresta e bombeiros do edificado. Portugal não é isso, sabem perfeitamente que 10 minutos, 20 minutos depois de um incêndio florestal, nós temos uma casa, um povoado à frente, portanto, o nosso bombeiro tem que ser um bombeiro completo, como conseguimos desde 1976 para cá. Foi por isso que nessa altura se fez essa aposta”, frisou.

A AGIF, que está sob a tutela do primeiro-ministro, tem como missão fazer o planeamento, coordenação estratégica e avaliação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.

A LBP tem um diferendo com a AGIF que se agudizou após as declarações do presidente desta agência, Tiago Oliveira, em julho do ano passado, no parlamento, em que afirmou que os “corpos de bombeiros recebem em função da área ardida”, considerando um “objetivo perverso”.

Na sequência destas declarações, a Liga dos Bombeiros Portugueses apresentou em setembro de 2023 uma queixa-crime contra o presidente da AGIF por alegadas ofensas aos bombeiros.

Na cerimónia desta quarta-feira na LBP estiveram presentes todas as entidades ligadas à prevenção e combate dos fogos rurais, à exceção da AGIF.