A pouco mais de três dias da primeira ronda de negociações com as forças de segurança, o Ministério da Administração Interna (MAI) encontra-se a “trabalhar afincadamente com o Ministério das Finanças, de forma prepará-la da melhor forma para chegar a um consenso“, revelou ao Observador o gabinete de Margarida Blasco. No entanto, prefere não se comprometer com aumentos já para este ano, argumentando que, “estando em curso o procedimento negocial e de audição das forças de segurança, será prematuro avançar com alguma indicação temporal“.

A notícia de que o calendário estava em aberto foi avançada pelo jornal Expresso e confirmada ao Observador pelo gabinete do MAI, que sublinhou ainda que a reunião de dia 22 de abril, com representantes dos sindicatos e associações da PSP e do GNR, “representa o início da construção da base de entendimento e conciliação entre as entidades envolvidas, tendo sempre em vista a dignificação e valorização das Forças de Segurança”.

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O Observador questionou ainda o MAI sobre qual seria a proposta para o aumento do suplemento de missão, visto que os sindicatos pressionaram o Governo a apresentar um plano que respondesse à sua principal exigência: um suplemento equiparado ao da Polícia Judiciária. Contudo, o gabinete de Margarida Blasco encaminhou os esclarecimentos para depois da reunião de segunda-feira.

A resposta do ministério surge depois de elementos das forças de segurança, nomeadamente pertencentes ao Movimento INOP, terem ameaçado com uma manifestação para o dia 25 de abril em frente à Assembleia da República. Além de terem prometido voltar à rua – aliás, como já tinham anunciado, tendo até agendado uma vigília para o dia 12 de abril, que não se veio a realizar –, alguns polícias ameaçaram também faltar a gratificados em eventos desportivos e culturais, como o Rally de Portugal (nos dias 11 e 12 de maio) e a Queima das Fitas do Porto (de 4 a 11 de maio).

Os principais representantes sindicalistas não têm uma posição favorável em relação às novas ameaças de protestos, defendendo que esses eventuais protestos surgem “um pouco fora de tempo”. “Vamos ter uma reunião na segunda-feira com a ministra, onde espero verdadeiramente que seja trazida para cima da mesa não apenas uma discussão à volta do valor, mas à volta do que será o plano de ação para restabelecer a justiça àquilo que foram as várias dezenas de intervenções também do agora primeiro-ministro, mas também dos demais líderes parlamentares e do senhor Presidente da República”, sublinhou Bruno Pereira, porta-voz da plataforma que junta sindicatos e associações da PSP e da GNR, à Rádio Observador.

Diretor da PSP preocupado com protestos mas assegura que polícias são responsáveis

Bruno Pereira confessou também desejar “não ter a necessidade de voltar a deliberar sobre novas formas de protesto”. “Isso seria sinal de que houve bom senso por parte deste Governo de resolver a questão como os polícias querem que seja resolvida”, admitiu.

Já Paulo Santos, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, apesar de não concordar com a antecipação de alguns polícias do movimento inorgânico, garantiu ao Expresso que se o Ministério da Administração Interna não apresentar “uma proposta concreta e em consonância com o expectável, fará sentido avançar para novo protesto”.