Pela primeira vez na história do arquipélago, as oito ilhas Canárias estão a protestar em conjunto contra o modelo turístico “insustentável”. Com o lema “Canarias tiene un límite” (“As Canárias têm um limite”, em português), o protesto convocado para este sábado por 20 associações ambientais levou centenas de pessoas a sair à rua e a apelarem à mudança do que classificam como “um esquema de organização social e político predador do solo, poluidor das águas, destruidor do património cultural e nocivo em geral”.

Segundo avança o El País, entre as propostas estão ainda uma moratória turística, a regulamentação efetiva da habitação, para garantir o acesso a este direito, e a introdução de uma ecotaxa turística que reinvista as receitas no cuidado e manutenção de áreas naturais ou na criação de empregos verdes.

“Chegámos a um ponto em que o equilíbrio entre a utilização dos recursos e o bem-estar da população se rompeu, especialmente no último ano”, afirmou Víctor Martín, porta-voz do coletivo Canarias se Agota, citado no The Guadian, acrescentado que o protesto não é ‘turismofobia’.

“O problema não são os turistas”, afirmou. “É um modelo que foi construído em torno de — e com a conivência de — uma classe empresarial que não quer ouvir o que precisa de ser feito, e com uma classe política que serve essa classe empresarial em vez de servir todos os cidadãos.”

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Na mesma linha está o comunicado da Associação dos Amigos da Natureza de Tenerife que avança que “não se trata, de forma alguma, de turismofobia”. “Se temos fobia de alguma coisa, é da má gestão do modelo e da política turística de crescimento contínuo que está a ser seguida nas Ilhas Canárias e que consideramos totalmente errada e falhada, resultando na destruição do nosso território e na perda de biodiversidade”.

Para Víctor Martín, uma reformulação completa do modelo turístico das Canárias não pode esperar. “O que pedimos é muito simples: dado que o turismo é a principal atividade económica e a causa de todos estes problemas, queremos que estes dois mega projetos parem imediatamente”, disse, sobre a construção de dois grandes projetos de luxo no sul de Tenerife. Na última semana, 11 membros da associação Canarias se Agota têm estado a fazer greve de fome contra estes empreendimentos, que descrevem como “ilegais” e totalmente desnecessarários.

O protesto deste sábado é apoiado por grupos ambientalistas como o Greenpeace, WWF, Ecologists in Action, Friends of the Earth e SEO/Birdlife. A organização convocou também protestos noutras cidades, como Granada, Barcelona, Madrid, Málaga, Berlim e Londres.