A nova instalação do artista Bordalo II encontra-se em cima da campa de António de Oliveira Salazar. No cemitério do Vimieiro, em Santa Comba Dão, de onde o ditador português era natural, o artista colocou uma caixa que imita uma embalagem de medicamentos por cima da campa. “Liberdade, um pro-biótico anti-fascista”, lê-se na caixa, onde também está desenhado um cravo.

Na sua página de Instagram, Bordalo II partilhou uma série de curtos vídeos que mostram duas pessoas a retirar a caixa de dentro de uma carrinha e a transportá-la até à campa, que é filmada para se perceber que é a de Salazar.

No seu Instagram, o artista argumenta que “os que têm ambições tirânicas e antidemocráticas, começam exatamente por atacar a liberdade”, conceito “fundamental para cada um de nós e para o bem-estar de todos”.

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“Não nos podemos distrair e tomar a liberdade como um bem adquirido”, defende Bordalo II. “Pelo contrário, temos que defendê-la e exercitá-la todos os dias. O 25 de abril serve também para nos lembrarmos disto!”. E prossegue dizendo que a liberdade também passa pela “expressão do pensamento livre e da criatividade”:  “Também a arte deve ser livre, deve poder questionar, provocar e dar um ponto de partida para a reflexão. 25 de Abril SEMPRE, fascismo nunca mais”, lê-se na página de Instagram, num recado rematado com vários emojis de punho erguido. Depois, Bordalo II comentou a mesma publicação acrescentando: “E já agora, se não cuidamos da nossa democracia, é enterrada que ela acaba”.

“Habemus Pasta”. Artista Bordalo II estende “passadeira da vergonha” no palco principal da JMJ

Esta não é a primeira instalação polémica da autoria de Bordalo II. Ainda em vésperas da Jornada Mundial da Juventude, em julho, o artista estendeu uma “passadeira da vergonha”, composta por notas de 500 euros, em frente ao altar principal do evento. Na altura, argumentou que o seu objetivo era criticar os gastos feitos com a JMJ, num “estado laico” e onde as pessoas passam dificuldades financeiras. “Habemus Pasta”, rematava.