As tensões entre Pequim e Washington continuam a ser a principal preocupação para as empresas norte-americanas com negócios na China, segundo um inquérito realizado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos no país.

As políticas e respetiva aplicação inconsistente, o aumento dos custos laborais e a segurança dos dados são outras das principais preocupações das empresas norte-americanas. O inquérito referiu ainda que, apesar de os líderes chineses insistirem que Pequim é recetivo às empresas estrangeiras, muitas continuam a ter acesso limitado ao mercado.

“O Governo chinês afirmou que incentiva o investimento direto estrangeiro, mas muitos dos nossos membros continuam a encontrar barreiras ao investimento e às operações, incluindo políticas que os discriminam e campanhas mediáticas que criam suspeitas em relação aos estrangeiros”, lê-se no relatório.

O grupo empresarial saudou uma melhoria nas relações em 2023, que foi coroada por reuniões entre o líder chinês, Xi Jinping, e o Presidente dos EUA, Joe Biden, mas disse que a eleição presidencial dos EUA, em novembro, está a pairar sobre o futuro ambiente de negócios.

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Numa visita recente a Pequim, a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, manifestou preocupação de que o potencial excesso de capacidade das indústrias chinesas — como os veículos elétricos, siderurgia e painéis solares — possa aniquilar fabricantes norte-americanos e estrangeiros. “Reconhecemos que existem áreas significativas de contenção nas relações entre os EUA e a China, muitas das quais não têm perspetivas de resolução fáceis ou a curto prazo”, afirmou.

O relatório da Câmara de Comércio dos Estados Unidos na China referiu que as empresas consideram os intercâmbios de alto nível e a comunicação entre as duas partes como a prioridade máxima. As empresas norte-americanas que operam na China registaram uma melhoria dos lucros no ano passado, embora um pouco menos de metade espere ser rentável em 2024.

Ainda assim, muitos membros da Câmara Americana afirmaram estar mais otimistas em relação ao crescimento da economia chinesa. Entre muitas recomendações, o relatório instou a China a criar e implementar “políticas económicas transparentes e práticas que tratem as entidades nacionais e estrangeiras de forma igual”.

As empresas também apelaram aos líderes chineses para clarificarem e restringirem o âmbito da Lei Contra Espionagem do país para evitar que interfira com operações comerciais normais. Estes pedidos surgem na sequência de repetidas rusgas a empresas estrangeiras que as autoridades chinesas dizem ter sido por razões de segurança nacional.

O relatório apelou igualmente aos responsáveis norte-americanos para que evitem recorrer a controlos unilaterais ineficazes e que não cumpram os objetivos de segurança nacional e de política externa. Washington deve colaborar com as empresas chinesas para resolver os problemas de controlo das exportações, tais como a utilização militar de tecnologias civis, antes impor sanções, apontou.

O relatório de 617 páginas apresenta centenas de recomendações que abrangem setores, desde o desporto à segurança no trabalho e gestão do tráfego rural. De um modo geral, as empresas americanas não planeiam transferir as cadeias de abastecimento para fora da China, dada a dimensão e importância do mercado de 1,4 mil milhões de pessoas.

Mas a vontade de aumentar os investimentos na China e de tornar o país um foco estratégico tem vindo a diminuir à medida que as vantagens diminuem, segundo o relatório.