Bloco, Livre o PAN consideraram nesta quarta-feira que o Presidente da República deveria retratar-se das declarações que fez sobre o atual e anterior primeiros-ministros, enquanto o Chega acusou-o de “traição à pátria” ao falar da História de Portugal.

Estas posições foram transmitidas aos jornalistas, na Assembleia da República, em reação a recentes palavras proferidas por Marcelo Rebelo de Sousa num jantar com jornalistas da Associação de Imprensa Estrangeira em Lisboa.

Os presidentes dos Grupos Parlamentares do PSD, Hugo Soares, e do PS, Alexandra Leitão, recusaram-se a comentar, apesar de o chefe de Estado ter feito referências a Luís Montenegro e a António Costa. A mesma opção teve o deputado do PCP António Filipe.

Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, e a deputada do PAN Inês Sousa Real lamentaram sobretudo as referências “de mau gosto e preconceituosas” sobre o estilo de governação urbano-rural de Luís Montenegro, e o estilo “oriental” de António Costa.

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André Ventura manifestou-se estupefacto com estas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao atual e anterior primeiros-ministros. Mas, da intervenção do chefe de Estado perante a Associação de Imprensa Estrangeira, condenou principalmente a posição então defendida sobre colonialismo e escravatura na História de Portugal.

O Presidente da República reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.

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Para André Ventura, esta posição de Marcelo Rebelo de Sousa “configura uma traição à pátria” e foi mesmo ao ponto de dizer que “pediria a destituição” do chefe de Estado, “se isso fosse possível” no plano constitucional em Portugal.

“O Presidente da República quase que pediu desculpa pelo nosso passado e assistiu-se à imprensa do mundo inteiro a exultar com estas declarações. Esta foi uma traição profunda nos 50 anos do 25 de Abril, uma traição profunda àqueles que lutaram. Lamento mesmo muito que o Presidente da República, agitando as águas, traga este tema tão divisivo, que ele quis criar e projetar na sociedade portuguesa”, acusou.

O presidente do Chega fez também uma alusão sobre saúde mental: “Penso que o Presidente estará bem a nível de faculdades, não vou pôr isso em causa e quero acreditar que o disse com consciência e com precisão”.

“Estas declarações não são uma tontice, são uma traição à pátria”, reforçou.

Nesta quarta-feira, o Presidente da República confirmou as afirmações que lhe foram atribuídas num jantar com jornalistas estrangeiros na terça-feira, explicou que se referia ao estilo de cada um, mas considerou que não fez apreciações ofensivas e que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “vai surpreender”.

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No entanto, na perspetiva de Mariana Mortágua, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa “não estão à altura do cargo que ocupa”, revelaram “preconceito em relação ao mundo rural”, tendo usado “expressões que manifestam classismo”.

“Era muito importante que o Presidente da República se pudesse retratar. Não foi só uma questão de mau gosto, não é só uma má forma de expressar a relação entre o Presidente da República e o chefe do Governo, é também uma manifestação de preconceito, de discriminação e de classismo”, acentuou.

A líder parlamentar do Livre manifestou-se chocada com as declarações vindas a público do Presidente da República.

“Lembramos que o Presidente da República representa a unidade do país, representa todas as pessoas em Portugal, todos os portugueses, de norte a sul, do oriente ao ocidente, da ruralidade ao litoral. Por isso, choca-nos que estas declarações tenham sido proferidas, já que servem para alimentar preconceitos – e não pode acontecer o Presidente da República alimentar preconceitos e contribuir para uma polarização maior da sociedade portuguesa”, declarou.

Para a deputada do PAN Inês de Sousa Real as palavras do chefe de Estado foram “infelizes”, destacando as adjetivações de que foram alvo não só o atual primeiro-ministro como o ex-primeiro-ministro.

“O Presidente da República deve representar todas e a todos, independentemente de pertencermos ao meio urbano ou rural, ou independentemente da nossa origem, em particular, no caso, fazendo referências a quem é do oriente. Para o PAN, é fundamental que possamos promover um maior respeito interinstitucional e, nesse sentido, não podemos deixar de repudiar as declarações”, afirmou.