O Bangladesh voltou a ordenar esta segunda-feira o encerramento de escolas e madraças (escolas muçulmanas) em todo o país até quinta-feira devido a uma onda de calor persistente, apenas um dia depois da reabertura dos estabelecimentos de ensino.
Os juízes do Tribunal Superior do Bangladesh aprovaram uma ordem para fechar “todas as escolas primárias e secundárias e madraças até quinta-feira devido à onda de calor”, anunciou o procurador-geral adjunto, Sheikh Saifuzzaman.
O calor extremo que tem atingido vários países do Sudeste Asiático, com as temperaturas a chegar aos 44 graus Celsius, provocou, na semana passada, a morte de mais de 30 pessoas com sintomas de insolação.
Onda de calor no sudeste da Ásia causa 34 mortos por insolação no Bangladesh
O Departamento Meteorológico do Bangladesh (BMD) emitiu, na segunda-feira passada, um alerta vermelho de calor no país com duração de 72 horas e avisou ser pouco provável que a situação melhore este mês.
Geralmente, abril é o mês mais quente neste país asiático, mas, este ano, “o calor está a ser sentido intensamente, já que não há sinais de chuva”, afirmou o meteorologista da BMD Tarikul Newaz, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O Bangladesh registou, no dia 20 de abril, a temperatura mais alta do ano, 42,6 graus Celsius, no distrito de Chuadanga, no noroeste do país, valor associado pelos especialistas a uma onda de calor “muito severa”. Daca, com uma máxima de 40,6°C este ano, registou a temperatura mais elevada em 58 anos, tendo as ruas da capital do país estado praticamente desertas face à intensidade do sol.
Durante a semana passada, as escolas estiveram fechadas, enquanto a maioria das universidades públicas optaram por aulas online. Milhões de pessoas enfrentam o calor extremo nos bairros de lata, sem acesso a água e eletricidade adequadas na capital do Bangladesh e noutras cidades do país.
Ao calor típico destas datas na zona, agravado nos últimos anos pela crise climática, junta-se o fenómeno El Niño, que traz temperaturas mais elevadas e um clima mais seco.
Em outubro de 2023, a ONU e a Cruz Vermelha indicaram, num relatório conjunto, que as ondas de calor serão mais frequentes, intensas e mortais no futuro devido às alterações climáticas, podendo mesmo “ultrapassar os limites humanos, psicológicos e sociais” em regiões como o Sahel, o Corno de África ou o sul da Ásia.