O antigo presidente da federação espanhola de futebol, Luis Rubiales, negou esta segunda-feira, em tribunal, ter recebido dinheiro de forma irregular no seu mandato entre 2018 e 2023, especificamente na transferência da Supertaça de Espanha para a Arábia Saudita.
“O que afirmo e manterei sempre — e estou convencido de que a justiça será feita — é que nunca houve nenhum dinheiro recebido de forma irregular, nunca aceitei ‘ofertas irregulares'”, afirmou, ao sair do tribunal de Majadahonda, nos arredores de Madrid.
Em causa os contratos relacionados com a transferência da Supertaça de Espanha para a Arábia Saudita, alegadamente com comissões avultadas pagas à empresa mediadora Kosmos, do antigo internacional Gerard Piqué, do FC Barcelona, da qual posteriormente terá arrecadado dinheiro.
Do mesmo modo, as autoridades investigam possíveis irregularidades na renovação do Estádio Olímpico de Sevilha, adjudicada à firma Gruconsa, também objeto da investigação.
A este respeito, lembrou que, enquanto entidade privada, a federação poderia contratar a empresa que quisesse: assumiu, no entanto, que pediu ao governo regional “algum dinheiro” para ajudar nas obras. “Submeti-me ao senhor juiz, também ao Ministério Público, e aos meus próprios advogados, respondi a todas as perguntas que me fizeram. Interrogaram-me por mais de quatro horas. Eu sou o maior interessado em que tudo fique esclarecido”, frisou.
Rubiales esteve brevemente detido no aeroporto de Madrid em 3 de abril, ao regressar da República Dominicana, quando o escândalo eclodiu em Espanha.
O antigo dirigente está acusado de corrupção comercial, lavagem de dinheiro, administração fraudulenta e pertença a organização criminosa, tal como o seu sucessor no comando da federação, Pedro Rocha, e vários ex-dirigentes do órgão. “Sempre trabalhámos com a máxima excelência e dentro da legalidade”, assegurou o ex-líder federativo.
Este caso levou mesmo o governo espanhol a colocar a federação de futebol sob supervisão “no interesse” do país, que, juntamente com Portugal e Marrocos, é um dos organizadores do Campeonato do Mundo de 2030.
Rubiales descreveu a sua gestão entre 2018 e 2023 como “muito boa” e entende que os contratos que permitiram a transferência da Supertaça para a Arábia Saudita “salvaram o futebol” do seu país. Pôde manter o seu passaporte, mas terá de se apresentar mensalmente no tribunal e pedir autorização judicial sempre que pretenda ausentar-se de Espanha.
Além destes casos de corrupção, Luis Rubiales enfrenta igualmente um processo no qual incorre em pena de dois anos e meio de prisão, por ter beijado, de forma não consentida, a futebolista Jenni Hermoso, após a final do Campeonato do Mundo feminino de 2023, conquistado pela Espanha.