Os resultados da campanha de exploração Namíbia “foram impressionantes e ultrapassaram as nossas expetativas”, afirmou esta terça-feira o presidente executivo da Galp.
Filipe Silva reconheceu que o investimento necessário para explorar estas reservas “de alta qualidade” está além da capacidade financeira da Galp. Em resposta aos analistas durante uma conferência a propósito dos resultados do primeiro trimestre, o gestor admitiu que a prazo a Galp irá ceder a um parceiro uma parte do bloco onde detém 80%, mas essa diluição só vai acontecer quando “minimizarmos o risco e maximizarmos o valor do que temos”. O objetivo é encontrar a prazo um parceiro que traga rapidez ao processo de exploração e que tenha meios financeiros para suportar o desenvolvimento da exploração.
Galp valoriza mais de 2 mil milhões à boleia de descoberta na Namíbia, mas deve vender parte
A Galp anunciou uma descoberta comercial relevante num campo offshore ao largo da costa da Namíbia com reservas potenciais de 10 mil milhões de barris, reservas que o presidente da empresa qualificou como sendo de “alta qualidade”. Os próximos passos vão passar pela aceleração dos trabalhos de avaliação e pesquisa com mais quatro furos para conhecer melhor as reservas e reduzir o risco do projeto antes encontrar um parceiro financeiro. Numa ronda de perguntas dominada pelo tema da Namíbia, a Galp indicou que o projeto não irá exigir um grande reforço do investimento nesta fase, até porque a fase de desenvolvimento da exploração será suportada pelos novos parceiros.
Ainda assim, a empresa pretende manter “uma posição significativa na Namíbia”, mesmo com a venda de parte da posição da Galp que irá permitir financiar o desenvolvimento do campo. Filipe Silva afirmou contudo que os fundos libertados também vão permitir à Galp investir nos projetos de descabornização da refinaria, do hidrogénio, do lítio e na produção de combustíveis limpos. O projeto, adiantou, “dá-nos meios para financiar a nossa transformação”.
Isto apesar dos investimentos nas renováveis estarem a travar face aos planos porque, sublinha Filipe Silva, “continuamos a enfrentar desafios incríveis na componente do licenciamento” e não porque a empresa está a retirar recursos desses projetos. “Continuamos a precisar de eletrões para os clientes e unidades industriais e não podemos desenvolver capacidade a mais”.
A Galp tem sido um dos alvos dos ativista do clima que esta terça-feira voltaram a “atacar” a sede da empresa em Lisboa.
Elementos do Climáximo partiram vidros e vandalizaram sede da Galp
A empresa apresentou lucros de 337 milhões de euros no primeiro trimestre, em alta de 35% face ao mesmo período do ano, puxados pelo crescimento operacional das atividades de exploração e produção, mas também pelas operações industriais e de refinação.
Refinaria de lítio sai do PRR. Galp procura outros apoios públicos
A Galp “mantém o seu empenho na concretização do projeto Aurora para a construção de uma unidade de refinação de lítio, em parceria com a Northvolt”
O esclarecimento foi prestado ao Observador depois de ter sido notificado que este projeto tinha caído das agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência onde estava enquadrado no objetivo de criação de uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal.
A Galp confirma ter deixado de fazer parte da agenda do PRR, uma informação avançada pelo jornal Eco, mas acrescenta qe apenas decidiu retirar o projeto das agendas mobilizadoras por incompatibilidade entre o calendário do PRR e os cronogramas previstos para a entrada em operação do projeto.
“O PRR apenas contempla projetos que entrem em operação até ao final de 2026, enquanto o projeto Aurora Lith apenas deverá entrar em operação em 2028. Nessa medida, a Aurora está a fazer o levantamento de outras linhas potenciais de incentivo ao projeto.”