As ações da Galp Energia deram um salto de mais de 20% esta segunda-feira em reação ao anúncio de uma descoberta de petróleo com valor comercial ao largo da costa da Namíbia.

A petrolífera cujo maior acionista é a família de Américo Amorim fechou a negociação a valer 16 mil milhões de euros (ultrapassando a capitalização bolsista da EDP). É uma subida de 2,2 mil milhões de euros face ao que valia no fecho de sexta-feira. Entre as duas datas está um comunicado conhecido este domingo em que a Galp confirma ao mercado aquilo que já muitos antecipavam. As reservas encontradas durante os trabalhos de pesquisa e prospeção offshore dão força ao potencial já encontrado e apontam para uma “importante descoberta comercial”.

Ações disparam 20% após Galp anunciar “importante descoberta comercial” de petróleo na Namíbia 

O comunicado refere estimativas para este campo de 10 mil milhões de barris equivalentes de petróleo ou mais após a conclusão da exploração do Poço Mopane.

Neste Bloco, a Galp é de longe a maior acionista, com 80% da concessão, mas deverá ceder uma parte a um parceiro que venha a assumir a operação e já está à procura desse investidor, diz a Reuters. A empresa não comenta, mas durante a última sessão com analistas sobre os resultados, o presidente executivo, Filipe Silva, admitiu esse cenário. “Não temos pressa, porque estamos agora focados em avaliar o potencial de exploração. Mas claramente precisamos de reduzir o risco que temos nas nossas mãos. Vamos analisar todas a opções e, aquelas que criarem mais valor para os acionistas, serão consideradas no devido tempo”.

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De acordo com a Reuters, a Galp contratou um banco de investimento para vender até 40% — metade da sua posição — neste bloco, podendo passar pela cedência da operação do bloco ao novo parceiro. A Galp tem várias posições minoritárias nas explorações offshore de petróleo e gás onde está presente — no Brasil e Moçambique — mas não é operador em qualquer desses blocos.

Além do know-how da exploração em alto mar, o desenvolvimento da produção de uma descoberta comercial relevante exige grandes quantidades de capital. Só para este ano, e na fase de pesquisa, a Galp espera investir 150 milhões de euros. A venda de metade da sua posição neste bloco poderá render milhares de milhões de euros. Além da Galp, são ainda parceiras a Namcor (petrolífera da Namíbia) e a Custos Energy (que opera na indústria offshore da Namíbia) (cada uma com 10%).

A Galp, afirmou ainda o seu presidente executivo em fevereiro, está muito consciente do valor que trará desenvolver a produção, o mais rapidamente possível. “Estamos a adiantar muito trabalho para assegurar que, em paralelo com o processo de um potencial desinvestimento, seja desenvolvido um trabalho para mitigar o risco, incluindo a perfuração de mais poços de pesquisa e exploração”.

Apesar de estar a investir no desenvolvimento dos blocos onde é acionista, a Galp anunciou em 2022 que iria deixar de procurar novas áreas de exploração de combustíveis fósseis. Mas esta área é ainda aquela que gera mais lucros para a empresa.