Se os automóveis ligeiros não têm qualquer hipótese em caso de embate contra um camião, então o que dizer de um peão, ciclista ou motociclista. Esta disparidade de dimensões e massa é muito perigosa, para os mais leves, sempre que tocam ou são tocados por um monstro que chega a pesar 40 toneladas.

O EuroNCAP, o organismo europeu que tem como finalidade reduzir o número de fatalidades provocadas por acidentes rodoviários, tem vindo nas últimas décadas a incrementar a segurança dos veículos ligeiros, obrigando a que estejam dotados com estruturas deformáveis para proteger os ocupantes e com sistemas destinados a ajudar os condutores a evitarem acidentes, bem como soluções para minimizar atropelamentos de peões e ciclistas, além de reduzir os danos na cabeça, tronco e membros em caso de embate. E os resultados são encorajadores, pois se em 2012 morreram 26.487 pessoas nas estradas e cidades europeias, em 2022 apenas se perderam 20.653, o que representa uma redução de 22%.

Os responsáveis pela segurança rodoviária europeia estão agora apostados em realizar a mesma transformação com os veículos pesados, camiões e autocarros, que se representam apenas 3% do tráfego, são responsáveis por 15% dos acidentes fatais. O EuroNCAP vai, por isso, adaptar aos camiões os mesmos princípios e tecnologias que funcionaram satisfatoriamente nos automóveis e veículos comerciais ligeiros, para diminuir o índice de mortalidade rodoviária.

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A primeira fase vai passar por garantir que entidades independentes testam as soluções já disponíveis no mercado, mas agora instaladas e adaptadas a veículos pesados, para determinar até que ponto se revelam tão eficazes como se espera, ou de que forma necessitam de evoluir para serem mais eficientes. Tal como aconteceu nos automóveis, o EuroNCAP espera que o consumidor, especialmente nas grandes frotas, passe a optar por veículos mais seguros, não só por motivos económicos — porque os acidentes acabam por custar dinheiro às empresas —, mas também por uma questão de imagem.

A finalidade é reduzir os acidentes e, simultaneamente, a sua gravidade. Daí que o EuroNCAP faça desde já saber que pretende introduzir crash-tests, mas só em 2030. Assim, os responsáveis pela União Europeia pretendem suavizar a adopção dos sistemas de segurança nos veículos pesados, reduzindo os custos e o esforço dos construtores. Entre as soluções a introduzir numa primeira fase, poderemos contar com a Adaptação de Velocidade Inteligente, Travagem de Emergência Autónoma, Detecção de Utilizadores da Via mais Vulneráveis (peões e ciclistas), Assistente de Faixa de Rodagem, Detecção de Peões a Atravessar uma Via Perpendicular, Prevenção de Colisões com Afastamento do Veículo e Câmaras de Monitorização.

Já este ano, o EuroNCAP vai começar a elaborar um ranking para camiões com base no sistema de avaliação do nível de segurança proporcionado não só a quem vai a bordo, como também para quem viaja a bordo dos outros veículos, necessariamente mais ligeiros, ou para os peões, ciclistas e motociclistas. E o tempo não abunda, uma vez que este organismo  espera publicar os primeiros rankings dos veículos mais seguros já a partir de Novembro de 2024, para confirmar a eficácia dos seus sistema de segurança e ajudas ao condutor, seis anos antes de arrancar com os crash-tests.